Não podia ser mais adequada a mudança de nome que levou as First Nation a adoptar o desÃgnio de Rings, aquando da entrada de Abby Portner (irmã de Dave dos Animal Collective) no trio feminino que edita pela Paw Tracks quase em regime de tudo em famÃlia. Isto porque Rings serve, logo à partida, para adiantar uma série de termos gerais que conhecem especificação posterior na música das suas portadoras - Rings como indicador directo da circularidade e balanço harmonioso presente nas romarias bosque adentro por parte do trio ou como auxiliar útil à visualização do território Rings como uma intersecção comunal que une os cÃrculos criativos de Abby Portner, Nina Mehta e Kate Rosko. Rings também como evidência da redoma impenetrável que cobre o longa-duração Black Habit e que dele faz um estranho templo que emite, a partir do seu interior, um intrigante corpo sonoro, embora não tenha porta de entrada ou saÃda.
Quando uma oficina inviabiliza as vias que permitem a sua visita, torna-se impossÃvel espiar e dissecar as mecânicas do que se vai passando no seu interior. Black Habit toma partido da inviolabilidade dos seus próprios segredos e da margem de tempo que isso oferece a umas Rings decididas a expandir o mais possÃvel o intervalo entre as balizas de canções que geralmente excedem os cinco minutos (à s vezes, quase por distracção infantil). A expansão do diâmetro que mede a circularidade das Rings torna-se, a partir daÃ, um desafio de malabarismo que inclui as esperadas guitarras e teclados caleidoscópicos (provavelmente incentivados pela produção da ex-Múm KristÃn Anna Valtýsdóttir) e os resultados de um mais improvável flirt com os aspectos vincadamente dramáticos da pop dos Berlin ou Roxette perceptÃvel nas vozes estridentes de fragilidade vitrificada. Estamos, ao que parece, perante sereias alienadas que não assumem qualquer responsabilidade pela curiosidade gerada nos marinheiros que navegarem por perto.
Fosse colocado num braço de balança que o medisse em paralelo ao álbum homónimo das First Nation, e Black Habit seria declarado como mais profundo e crÃptico, muito por força do seu secretismo absolutamente inegociável. O facto de nunca ancorar em parte alguma além das suas rotações (a Paw Tracks persiste em reformular ambiciosamente a pop), faz de Black Habit um disco constantemente sujeito a uma vertigem que centrifuga e baralha as suas estruturas e, logo, um lugar um pouco inóspito (“Is He Handsome†conta até com um cão que ladra). É bom ficar à nora quando o desnorteio é provocado pelas Rings, apesar de sobrar a Black Habit a sensação de que não será nada fácil suceder ou oferecer continuidade a um disco que termina onde começa.