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Baron Zen At the Mall Remixes

2007
Stones Throw / Flur


Do homem em si pouco se sabe. Chama-se, possivelmente, Sweet Steve. Esteve activo entre 1988 e 1992. E gravou pouco mais que um álbum intitulado At The Mall. Para muitos o interesse seria nulo, para outros uma mera curiosidade de época. Qual terá sido então o motivo que levou um grupo sério de activistas da editora de Peanut Butter Wolf (e mais alguns convidados) a remisturarem tão peculiar e desconhecida personagem? A resposta não será difícil de clarear já que o próprio press-realese revela que a iniciativa da acção partiu de Peanut Butter Wolf him self, amigo e cúmplice nas actividades punk/ disco de Baron Zen na altura.

O som de Baron Zen caracterizava-se por uma estranha atitude rebelde em o punk catalisava emoções em estado bruto enquanto permitia que contradições electro-funk e disco brilhassem numa frente e o rock de garagem enevoasse o ambiente circundante por outra. Compunha num tom embriagado como se não houvesse grandes preocupações com o dia seguinte. Exprimia-se livremente com noção do ridículo sem no entanto transparece-lo, permitindo que a ambiguidade jogasse a favor da personalidade musical.

Sem a perspectiva mínima sobre a obra original, as comparações com as remisturas serão sempre difíceis. Talvez por isso mesmo a Stones Throw tenha – e bem – decidido reeditar, em conjunto com Remixes, o original At The Mall como um complemento vital na homenagem pessoal e artística. Os contrastes serão naturalmente curiosos quando os resultados das intervenções de Arabian Prince, J.Rocc, Dj Romes, Tek Blazer atribuem características típicas do mais puro hip-hop old school ou criativos como Selector Dub U seleccionam parcelas do original e as colocam na câmara de eco da Jamaica. Ou que surja uma colateral e peculiar aproximação ao r&b num dos melhores momentos do disco (Dam Funk).

Num espírito mais próximo da rebeldia de Sweet Steve encontram-se as experiências pós-punk modernista que anexam o hip-hop num anagrama sonoro transversal (James Pants, Peanut Butter Wolf, Madlib ou Blu Jemz) ou os que abdicam dos artifícios da remistura e transcrevem o estilo do original (Jonny Manak).

Não haverão momentos arrebatadores em At The Mall Remixes, apenas uma mão cheia de momentos interessantes que testemunham a arte e engenho na remistura enquanto se invoca a música de um desconhecido ilustre que soube viver o seu som despreocupadamente. O original não deixará de ser um documento pertinente que poderá ajudar a esclarecer algumas das influências de James Murphy. As remisturas já serão um suplemento de vitaminas para uma geração que nunca engraçou com o velho punk.


Rafael Santos
r_b_santos_world@hotmail.com
31/01/2008