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V/A Fabriclive 37 Mixed by Caspa and Rusk

2007
Fabric


Não podia haver pior exemplo para ilustrar o actual estado do dubstep que este Fabriclive 37 misturado por Caspa e Rusko (considerados por muitos como uma nova geração de talentos do dubstep). Nem se poderia imaginar que o género pudesse em tão curto espaço de tempo resvalar para a descredibilidade estética. É evidente que esta antologia não representa o dubstep em todas as suas vertentes, mas já será óbvio afirmar que por aqui não se encontra um único tema com uma estrutura melódica com consciência do aprazível e do desprezível.

Muito do dubstep produzido de 2006 para cá tem evidenciado um colapso criativo que só poderá ter como explicação a tenra idade dos seus produtores e a falta de cultura musical de uma geração já excessivamente habituada às facilidades providenciadas pela era tecnológica. A relativa simplicidade com que se pega no computador e se constrói uma programação elementar evidencia não só o subaproveitamento das capacidades do equipamento como uma indolência que muito se estranha no próprio meio underground. Um mal transversal que não deixa o dubstep só. Muitas das linguagens minimalistas ligadas à música electrónica revelam semelhantes limitações narrativas. O resultado final é uma uniformização sonora que elimina por completo a escrita de autor.

E será isso mesmo o que mais incomoda nesta pobre antologia: a falta de estilo num dubstep excessivamente estilizado. A infantilidade melódica é indescritível – nem a ingenuidade poderá ser usada como argumento –, os subaixos são substituídos por aberrações electrónicas ondulantes sem estrutura lógica – oiçam-se os hediondos "Africa VIP", "Legacy", "V", "Too Far" ou "Spongebob" –, os ritmos, todos forjados no mesmo laboratório, soam como um loop interminável e rasteiro e o elemento narcótico do dub sucumbe definitivamente à embriagues soturna e comatosa ("The Drop" ou "Hammer Time" são exemplos da idiotice sonora que deixam o próprio dub com enjoos). Nem a remistura dos Buraka Som Sistema (para o horrível "Cockney Thug" de Rusko) consegue escapar à força do buraco negro - que suga toda a luz criativa.

Do trabalho específico de mistura, a acção de Caspa e Rusko é minimamente competente mas não o suficiente para puxar lustro a tão fraca graxa sonora. Nem o Box of Dub 2 provocou tantas convulsões nos espíritos dos melómanos. Um Fabric para esquecer.


Rafael Santos
r_b_santos_world@hotmail.com
23/01/2008