Dez anos após da sua morte, continuam a surgir manifestações de carinho e devoção à obra e vida de Jeff Buckley. Porque morreu demasiado cedo, porque todos queriam algo dele, porque as suas canções não eram simples canções – eram retratos de vida. A sua voz rapidamente se tornou numa das obrigatórias vozes dos anos 90, a sua biografia instantaneamente se transformou em mais uma história trágica. Deixou o mais o essencial e mais do que obrigatório Grace e ia deixar algo mais que apelidou de My Sweetheart the Drunk, mas que não chegou a existir porque no dia 29 de Maio de 2007 as águas do rio Mississippi engoliram Jeff Buckley.
O disco pĂłstumo chegou pouco depois com o prefixo de esboços, reunindo as canções que Jeff Buckley renegou (a exigĂŞncia de um perfeccionista) e os esquissos de canções por vir. Agora, 10 anos apĂłs a sua morte, surge So Real: Songs from Jeff Buckley, apĂłs discos ao vivo, raridades e tudo o mais que o mundo queira ouvir e o fĂŁ consiga aguentar. Apesar de tudo, este nĂŁo Ă© um best of qualquer. Sem que esperemos surgem certas canções de Grace em versões distintas (ao vivo) e atĂ© os brindes "I Know It's Over", a versĂŁo para a canção dos Smiths incluĂda em The Queen is Dead e a enternecedora “Je N’en connais pás la fin”.
Escolher os temas para um best of de Jeff Buckley nĂŁo Ă©, apesar de tudo, coisa difĂcil. Se o material nĂŁo Ă© muito, a qualidade de Grace e de alguns temas de (Sketches for) My Sweetheart the Drunk faz com que a escolha seja facilitada. Como seria de esperar, canções como “Grace”, “Last Goodbye”, “Lover, You should’ve come over” e “Hallelujah” (um daqueles casos raros em que a cover supera o original) surgem no alinhamento, e “Mojo Pin” (incrĂvel a intensidade de um homem sĂł)e “So Real” marcam presença em novas versões – a primeira no famoso concerto no Sin-Ă©, a segunda em versĂŁo acĂşstica no JapĂŁo. “Eternal live” tambĂ©m aparece em versĂŁo live.
“Everybody Here Wants you” (tĂŁo sexy, intensa e aveludada como sempre – um das melhores canções de amor de sempre), “The sky is a landfill” e a explosiva “Vancouver (dois temas negligenciados mas com atributos Ăłbvios) representam (Sketches for) My Sweetheart the Drunk com distinção – terá apenas faltado a belĂssima I “Know We Could Be So Happy Baby (If We Wanted To Be)”, uma das canções que nunca o chegou a ser. Nada parece faltar, Ă© um disco seguro. Este Ă© Jeff Buckley, a lenda, resumido em 14 momentos. Mas para alĂ©m de alinhamentos e escolhas possĂveis, esta compilação Ă© (ainda) mais uma prova de que o tempo nunca conseguirá apagar a genialidade das canções de Jeff Buckley.