Nesse campeonato interno de Bodyspace, em que se procuram frisar os encantos ao corpo feminino paralelamente Ă mĂşsica que produzem, a naturalidade formosa da moça exposta na entrevista com Hecuba, a cargo do colega AndrĂ©, conhece contraponto abusadamente artificial nas gĂ©meas que sobressaem Ă capa de Grooverider. Essas que, em toda a glĂłria da definição gráfica usada aqui pela casa, apontam Shitmat como um mecenas da electrĂłnica de dupla copa D, um apologista da intervenção de bisturi em mĂŁos, alguĂ©m que, com a falta de seriedade de um bufĂŁo, soube, mesmo assim, conduzir o mais irrequieto drum n’ bass desde o seu ponto nostálgico jungle atĂ© a uma modernidade desenfreada que se conhece por breakcore (e que prolifera na label britânica Planet Mu). Grooverider Ă© mais um daqueles atentados Ă estabilidade cardĂaca que mais vigoroso se parece pelos samples usados do que propriamente pela avalanche de breaks dobrados.
A ameaça Shitmat continua a ser tĂŁo debochada quanto ácida na sua profanação de todo o tipo de santuários pop imediatamente reconhecĂveis. Depois de ter sido “All that she wants” dos Ace Base a ir Ă tosquia na infernal barbearia ragga que era o mais limitado Killababylonkutz (em 1994), Grooverider magnetiza atĂ© ao turbilhĂŁo da sua Londres estilhaçada porções estratĂ©gicas de “I can’t stand the rain” de Tina Turner, “Toxic” afamado por Britney Spears (concentrando, aqui, no ventre as batidas de “Zagreb”) e “All Falls Down”, pertença do produtor e MC metrosexual Kanye West (que vĂŞ a voz da sua dama Laury Hill servir como instrumento de descontracção entre a sova de breaks de - repare-se no descaramento - "All Falls Down").
Todos esses são vitimados na razia de samples não-licensiados (?) à moda libertina de Paul’s Boutique dos Beastie Boys, que fora lançado numa época (1989) em que a adulteração dos sons originais ainda ludibriava os detentores de direitos discográficos (do legado dos Beatles, Led Zeppelin, etc.). Nessa pilhagem brutalmente bárbara, Grooverider assegura que é tão perigoso e avesso à lei como promete a postura de proxeneta do breakbeat que assume Shitmat, desde que se promove como figura de destaque na Planet Mu e, consequentemente, no âmbito do breakcore orgulhosamente transgénico. Quase tão transgénico e desproporcional quanto o tamanho dos seios que passam, a partir de agora, a ser medida titânica a superar aqui no barraco.