Pouco depois do lançamento de Cryptograms, os Deerhunter mostram ao mundo um EP com quatro temas gravados durante os trabalhos de pós-produção do já referido segundo disco de originais dos norte-americanos. Este EP funciona supostamente como um epÃlogo de Cryptograms e será provavelmente o melhor lançamento da banda até hoje – surpresas da vida. Talvez o formato tenha imposto automaticamente aos Deerhunter a obrigação de acertar em cheio e foi assim que fizeram. Fluorescent Grey pode muito bem ser o abrir de novos territórios para a banda – e assim seja.
A prova do valor deste EP surge imediatamente com “Fluorescent Greyâ€, canção pop cristalina com restos de algum experimentalismo. Abre um piano, juntam-se guitarras e percussão; chega a voz de Bradford Cox a debater-se com questões várias (nem todas comuns): “Why do I dream so often of his body / When his body will decay / His flesh will be fluorescent grey"â€. Nos seus 5 minutos, “Fluorescent Grey†é, só por si, um motivo suficiente para se entrar neste lançamento e para dele se sair satisfeito. “Dr. Glass†é também entusiasmante na sua construção melódica: muito por culpa de uns teclados que insistem em trazer memórias. Boas memórias.
“Like Newâ€, o tema mais curto do EP, faz-se de pequenas melodias iniciais para depois fazer-se canção – e que bela canção. “Like New†é rica em texturas e directa à questão. O refrão é o maior exemplo dessa riqueza de harmonias. As guitarras hipnotizantes de “Wash Offâ€, aliadas ao baixo forte e à percussão possante constroem um tema final onde se alcança, a certo momento, uma explosão apenas necessária. No meio dessa exaltação os Deerhunter conseguem atingir sempre a beleza – sem excepção. E nem é preciso ir assim tão fundo para a encontrar. Existe neste excelente EP uma beleza quase sempre palpável que faz dos Deerhunter uma banda a ter muito em conta nos próximos tempos.