Não será o decalque gráfico, feito à imagem dos japoneses My Way My Love, que atribuirá mais respeito à dupla inglesa To My Boy. Ainda assim, encontram-se estranhamente escancaradas neste primeiro longa-duração as semelhanças que o aproximam do excelente pedaço de apocalipse nipónico intitulado Hypnotic Suggestion: 01: o tipo de letra utilizado no nome de ambos os projectos e o preto-e-branco do monitor vintage colocado na capa dos respectivos discos. Pode até ser que o molde seja recorrentemente alvo da predilecção de gente que procura inspiração nos anos pós-punk, mas, quanto muito, isso revela bom gosto estético aos dois de Liverpool que formam os To My Boy, nunca satisfatório proveito em termos da música que praticam.
O problema incide provavelmente na justaposição que tantas vezes torna indistinguÃveis os valores estéticos e os propriamente musicais conhecidos à s bandas actualmente empenhadas em fazer crer que a new wave é uma comodidade digna de ser revisitada. Os To My Boy ocupam-se de tentar prová-lo sequestrando premissas que surgem em cena vezes demasiadas nestes casos: as linhas de sintetizador ajustadas ao registo imbecil e militar dos Devo, a entoação instável e epiléptica de John Lydon, fase P.I.L., sujeita a radiação em “I am xRayâ€, os desembaraçados trejeitos da matreirice dos Madness reutilizados numa “Model†que descreve o triunfo cientÃfico de alguém que criou o corpo perfeito num computador. Nem sequer chega a ser honrada a tradição local de Liverpool, que já rendeu refrães bem mais memoráveis que o empregue na pretensamente maquinal “Eurekaâ€, que, no desespero de encontrar rima para a palavra, repete em histerismo a sua última sÃlaba Eureka-ka-ka-ka-ka (e, surpreendentemente, menciona uma matéria de composição comparável). Tudo plástico, tudo esbatido, tudo boçalmente previsÃvel.
Chegam a ser aceitáveis algumas das missões espaciais que orienta o revivalismo fixado na viragem de década de 70 para 80, mas material reciclado tão nulo de conteúdo quanto Messages só torna mais intensa a náusea que provoca avaliar as movimentações ao pelotão que persegue os Klaxons (ou banda tão "atrasada" quanto essa), na senda de uma fatia de hype que vá renovando o prazo a tudo isto, até que nova sensação provoque a inevitável eutanásia.
Apesar de tudo, é de saudar que a XL Recordings disponha, em catálogo, do crime e justiceiro para o mesmo, já que as farpas com a palavra Pussyhole, cuja dispersão tem sido eficaz auxiliar na campanha promocional do novo disco de Dizzee Rascal (Maths+English), servem perfeitamente quando apontadas aos To My Boy, cuja única função lógica é debitar uma variante minimamente adulterada daquilo que foram mastigando para seu proveito próprio e tédio generalizado de quem não morde o isco.