Depois do tiro ao lado que foi Noah’s Ark, as manas e Bianca Casady sentiram a necessidade de ir buscar inspiração a outros locais – para afastar as más vibrações. Quiseram, digamos, sair para o ar livre, sair um pouco do intimismo que caracterizou o seu disco de estreia, o muito bem recebido La Maison de Mon Reve. Pelo menos em parte. The Adventures Of Ghosthorse And Stillborn é um misto de canções com pelo na venta e de temas confinados a locais fechados. As CocoRosie neste disco andam entre o decorador de interiores e o arquitecto paisagístico.
O lado das CocoRosie que quis arriscar – e que normalmente vem acompanhado de batidas – venceu. Venceu logo no tema de abertura, “Rainbow Warriors”, onde as manas Casady aplicam um golpe a todos os estereótipos que se criaram em redor da dupla. Há cavalos que relincham e arco-íris no horizonte. Há batidas como nunca havíamos ouvido vindas das CocoRosie, há uma produção limpa e directa. No meio de tudo isto o hip hop é uma forte influência – mais do que nunca. Mas a evolução das CocoRosie tem numa determinada faixa um sucesso estrondoso: “Japan”, volta ao mundo ao sabor do reggae às três pancadas (elogio) com efeitos deveras luminosos. Já antes “Promise” havia deixado boas referências.
O lado mais deja vu, mais agarrado ao passado, das CocoRosie não magoa mas também não acrescenta nada. Falamos dos temas onde se entretêm com brinquedos e quejandos. Já foi feito e com sucesso, mas agora chega. Felizmente ocupa uma pequena parte do disco. “Animals” curiosamente funde os dois mundos e sai vencedor. Feitas as contas (de cabeça e por alto), The Adventures Of Ghosthorse And Stillborn é um bom disco de canções – estas miúdas têm potencial até para mais. Este é um disco que prova que o caminho para as CocoRosie é o futuro e não o passado. Fica a curiosidade em relação ao próximo capítulo.