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Rodrigo Leão Pasión

2001
Sony Music


“Alma Mater” é o disco anterior e de certa forma o grande responsável pelo aparecimento de “Passión”. Depois de um ano (2000) de grande sucesso para Rodrigo Leão que atingiu marcas de disco de ouro, foi eleito como artista do ano pelo Blitz e disco do ano pelo Diário de Notícias, este é o natural CD de consagração ao vivo da digressão que correu vários palcos no país e fora dele.

Não será de todo fácil apontar com exactidão o inicio da carreira musical de Rodrigo Leão, mas deve andar no ínicio dos anos 80. O jovem Rodrigo leão participou num concurso com mais dois amigos, e apesar de não terem ganho, aquela era das primeiras actuações de uma banda que viria a produzir novas e grandes visões para a música portuguesa – Sétima Legião. Seria, no entanto, três anos depois que encontraria o parceiro ideal – Pedro Ayres Magalhães – e que com ele fundaria um dos grupos portugueses mais conhecidos internacionalmente, os Madredeus. Em 1993 surge o primeiro disco a solo de Rodrigo Leão, “Ave Mundi Luminar”, juntamente com a Vox Ensemble, um pequeno e flexível grupo de músicos e cantores. Seguiram-se mais dois CD’s pelo meio, “Mysterium” (EP) e “Theatrum”, sendo necessário chegar até 2000 para lançar ”Alma Mater”, o terceiro disco que denota uma clara inflexão no sentido de linguagens pop. “Passión” é o natural sucessor ao vivo e retrata a recta final de um percursso que assistiu à consagração de “Alma Mater”.

O disco é pautado na quase generalidade pelo canto “erudito” de Ângela Silva, em músicas que não são apenas do disco do ano anterior. “Amatoris”, “Carpe Diem” e “Ave Mundi” fazem parte do registo de estreia, “Mysterium” e “Promise” do EP “Mysterium”, e “Ruínas” e “Nulla Vita” do álbum “Theatrum”. Marcam também presença duas memórias dos Madredeus e Sétima Legião, “Tardes de Bolonha” e “Ascenção”. As músicas foram adaptadas segundo uma consicência mais segura, para se poderem adaptar na perfeicção à voz de Ângela Silva.

Presenças marcantes no disco são as de Nuno Gonçalves e Sónia Tavares dos The Gift e Rui Reininho. Na impossibilidade de Adriana Calcanhoto marcar presença no concerto, Sónia Tavares foi a substituta perfeita para “A Casa”, uma música que mostra o lado mais pop do disco. Nos sintetizadores Nuno Gonçalves fazia o background de sons do tema, numa versão próxima daquela que fazia parte do single “A Casa (Longe Mix)”. A faixa em que Rui Reininho participa já tem outra história. Participou também ele no concerto, mas as gravações não terão ficado boas, por isso mesmo o bónus track que o disco contém é uma versão de estúdio do tango “Pasión”, já cantado anteriormente por Lula Pena.

Marcante pela beleza dos sons e das vozes, pelo rigor das interpretações e pela qualidade dos arranjos, “Passión” voltou a mostrar em Rodrigo Leão um dos maiores e melhores músicos nacionais, já com muito reconhecimento fora de portas.


Tiago Gonçalves
tgoncalves@bodyspace.net
14/11/2002