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V/A 10 Years, Who Cares?

2007
Sonar Kollektiv


Certamente que não poderemos deixar de acreditar que ao longo de 31 faixas estarão representados alguns dos mais importantes clássicos da editora de Berlim. Sim, que a presença dos Extended Spirits e dos Jazzanova é inevitável, tal como a presença de Joe Dukie & DJ Fitchie com o fabuloso “Midnight Maraudersâ€, Nuspirit Helsinki com “Seis Por Ocho†revisto pelos brasileiros Azymuth, RAS e o seu “Beat De La Romantiqueâ€, Forss e a estranha produção “Using Splashesâ€, Lightning Head com “Me & Me Princessâ€, Soul Quality Quartet e “I’m Not Here†ou dos Fat Freddys Drop, maravilhosamente revistos pelos Jazzanova. Curiosamente todos estes temas estão inseridos no primeiro disco (compilado pelos Jazzanova), tendo sido transferidos para o segundo CD, alguns dos mais desinteressantes temas. Vale-nos a perícia na arte da mistura do colectivo de Berlim para – parcialmente – salvar segundo disco de alguma monotonia estética. Porque com excepção dos curiosos Kabuki, Tokyo Black Star ou Moonstarr, os restantes ou estão entre o inoportuno, o inconsequente ou a pura perda de tempo.

Se é variedade através da abrangência que procuram, não faltaram momentos no próprio percurso da editora que proporcionem essa mesma diversidade. Ficará então por explicar a necessidade da inclusão de nomes que pouco têm contribuído para a credibilidade sonora da casa. Não será naturalmente necessário relembrar que não existem catálogos perfeitos, mas já será necessário salientar a inoportuna inclusão num quase desnecessário mix CD de temas ou nomes como Georg Levin (que fazendo parte à longos anos do catalogo, ainda não conseguiu impor-se como artista em pleno criativo), as desinteressantes revisões dos Wahoo de temas dos Jazzanova e os Solar System, Slope e o entediante "Komputa Groove" (o já habitual enche-lata da Sonar), os pouco relevantes Isoul8 ou Âme, a praxe de uma Tiger Stripes Remix para um original de Markus Enochson ou os já esquecidos Sequel.

O primeiro disco é praticamente imaculado, representando realmente o melhor que a SK trouxe ao mundo. Agora o segundo beneficiaria de uma selecção mais eclética por parte dos Jazzanova. De uma selecção que privilegiasse temas dos primórdios das micro-editoras da Sonar. Temas igualmente pertinentes numa revisão de catálogo. Em vez do indispensável, temos por vezes a sensação que o segundo disco é um elemento desnecessário que soa a um empilhamento de nomes com pouca pertinência no catálogo da Sonar Kollektiv. Não será grave, nem será completamente inútil, agora não se poderá deixar de apontar o dedo a uma selecção que começa por apresentar os diamantes mais vistosos e valiosos – abdicando de discretas pérolas que uma vez mais ficaram esquecidas no baú –, privilegiando depois o lado menos positivo da história. Who Cares? We do!


Rafael Santos
r_b_santos_world@hotmail.com
13/08/2007