“Predictably claustrophobic listening....” é assim que este álbum é definido pela Q Magazine...
Penetrante, doloroso, com uma “beleza” desconcertante, em temas sombrios e urbano-depressivos. Turn on the Bright Lights apresenta-se como um álbum que segue uma onda dark-wave, post-punk, levando-nos de volta ao início dos anos 80. Sem dúvida que os modernos seguidores destas correntes se sentiram absolutamente consumidos e devorados pela profundidade e peso da música que podemos encontrar neste cd (e também LP) dos Interpol.
Apaguem as luzes, entrem na absorvente sensação de paranóia, luxuria e medo e vão com certeza sentir cada segundo deste cd com uma intensidade que levará todo o corpo a reagir (quanto mais não seja, ao ouvi-lo vão sentir uma necessidade imensa de, antes de chegarem ao fim, carregarem no botão da pausa para que a vossa mente consiga ter um descanso em relação a esta música tão sombria... vão respirar de alívio. Não prometo é que tenham coragem de regressar depois ao álbum e de o continuar a ouvir!).
Acusados por muitos de serem nada mais que uma espécie de “plagiadores” das músicas de Joy Division entre outros, os Interpol conseguem mostrar com este primeiro álbum que não se trata de copiar ninguém, mas sim de mostrar o que querem fazer e apresentar como trabalho próprio a partir de determinadas influências que foram sofrendo ao longo do tempo.
Tem sido através dos espectáculos ao vivo e através do lançamento no verão passado do EP que os Interpol têm alcançado bastante “sucesso” na cena musical americana, sendo que o vídeo-clip de PDA se tornou numa espécie de ícone representativo do álbum e que os dá a conhecer ao público. Trata-se do tema mais ritmado do álbum, contrastando com alguns outros temas que nos trazem a sensação de vazio/fuga/depressão.
No fim, ficamos com a sensação de que existe sempre uma tensão enorme presente em cada tema deste álbum, tensão essa que nunca se chega a resolver, ou seja, a sensação de alívio que esperamos sentir a seguir a tanta tensão não chega a ser sentida em nenhum momento de Turn on the Bright Lights (tão claro no título e tão sombrio no conteúdo...).
No silêncio e na escuridão, deixemo-nos levar pelo “acender das luzes”, ao longo de uma viagem de sonho... ou quiçá... de pesadelo!