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Lou Barlow Mirror the Eye EP

2007
Acuarela / Popstock!



Ao ladear, com os termos Prerevival e Postemoh, um dos seus típicos desenhos incluídos no interior deste EP, o próprio Lou Barlow assume frontalmente este como documento intermédio do período criativo que separou a intimidade caseira do disco em nome próprio, Emoh, e a recente reactivação dos Dinosaur Jr. e Sebadoh, nomes de extrema importância na escalada do indie que culminou na globalidade dos Nirvana e duas bandas cujas formações clássicas albergaram o próprio. Isto apesar de nem sempre terem sido pacíficas as relações internas nos períodos mais prósperos de ambos os colectivos, sendo que Barlow é muito mais transversal e fulcral no caso dos Sebadoh.

É necessária a contextualização da situação que vive presentemente Barlow para entender o valor excepcional que assumem as cinco novas composições incluídas neste EP, em representação do espectro Loobiecore, desígnio habitualmente aplicado ao material mais lo-fi, estruturalmente simples e pouco polido na sua estética, que foi sendo lançado em discos avulsos (alguns bem obscuros) e muitas vezes disponibilizado gratuitamente na página oficial do autor. Cinco canções inéditas que escaparam a uma brecha temporal reveladora da qualidade incansável de um escritor de canções aparentemente imperturbado perante a euforia própria dos revivalismos que o afectam actualmente.

Com um disco de Sebadoh à vista e a suposta manutenção da estabilidade familiar que se descobria ao doce lar de Emoh, maior deve ser a tendência de Lou Barlow para compor com naturalidade rotineira em vez de por necessidade terapêutica. Nestas canções simpaticamente cedidas à label Acuarela, o baixista dos Dinosaur Jr. reencaminha a sua inspiração num sentido algures entre o religioso e o pomposo, que já havia sido trilhado no anterior Emoh, nos sublimes momentos “Mary†e “Royaltyâ€, respectivamente. Volta Lou Barlow a explorar esse sentimento como se o mesmo estivesse a ser debatido trivialmente sobre uma mesa entre amigos de longa data.

Amigos tão fiáveis como os depurados mecanismos lo-fi totalmente assimilados e prontos a renovada conjugação num âmbito Sentridoh, que é cognome somado à autoria do EP e termo associável à guitarra distorcida atrelada a corpo cavalgante em “Faith Defies the Night†ou à garantia de que não são necessárias mais do que 4 pistas de gravação para fazer veicular a essência que faz vencer tão curto objecto como Mirror the Eye. Sobra um disco que comprova que um Lou Barlow transitório não deixa de ser um songwriter de sólido mérito.


Miguel Arsénio
migarsenio@yahoo.com
27/06/2007