A face da indietrĂłnica Ă© algo que se afirma rapidamente. Quer dizer, Ă© impossĂvel nĂŁo reconhecer a matĂ©ria aos primeiros segundos de exibição. “Patterned Like Lovers” insinua-se em Tropism - atravĂ©s dos raios de luz que a atravessam – de forma quase escabrosa e parece iluminar caminho para o resto da viagem, qual lanterna com convicções de lĂder. Mas a verdade Ă© que a partir daĂ Tropism, o seguidor passo-em-frente de Haralambos, infiltra-se em paisagens menos coloridas e mais taciturnas, mas nem por isso menos belas. A guitarra acĂşstica Ă© o corpo da acção, de forma estruturada ou de forma mais “livre” – como Ă© caso de “Listening to your Party”. A mĂşsica ambiental começa a afirmar-se a certa altura como forma de esbater as paisagens e torná-las menos palpáveis. A manipulação digital tambĂ©m ajuda.
Interessa dizer que Ă medida que o disco se vai desenrolando os pormenores vĂŁo ganhando cada vez mais importância no disco do norte-americano. Tudo se começa a diluir. Ă€s tantas a preocupação parece ser a de fugir ao que Ă© estruturado. Nesse capĂtulo, “Oil Thumbprints” parece desempenhar especial papel. Camadas que se sobrepõem, camadas que se completam. Paisagens ao mesmo tempo familiares e desconhecidas. Disco de pequenas pretensões, Tropism tem na sua simplicidade o seu valor e a sua beleza. As pinceladas sĂŁo curtas mas o raio de acção nĂŁo Ă© identificável pelos radares.
Bexar Bexar não descobriu certamente a pólvora, mas descobriu um cantinho positivo para mostrar a sua visão da música. Descobriu uma série de paisagens que fazem sentido juntas; que vão acrescentando algo umas para as outras; que largam deixas que são aproveitadas por projectores seguintes. Tropism podia ser uma banda sonora de um boat-movie solarengo pelas águas do mar atlântico mas não é. É a visão própria de Bexar Bexar, um barco que rejeita a ideia de andar à deriva e procura uma rota realista. Terra à vista.