Merja Kokkonen prossegue a sua transformação em algo que vai muito além da folk enviesada e deliciosamente fora de tom que habitava Meritie, o primeiro álbum da finlandesa que é, porventura, a maior exportação da admirável Fonal.
Ulual Yyy guarda ainda muito do conflito entre cacofonia e melodia, estrutura e anarquia dos dois álbuns anteriores, mas dá interessantes passos na evolução musical de Islaja, cada vez menos apenas uma tÃmida cantora que representava a vaga freak folk em solo finlandês.
Atente-se na pequena maravilha que é "Suru ei" - sopros em levitação, sintetizador a arrastar uma melodia. Björk podia ter levado Islaja para o seu Volta - há aqui a mesma gravidade solene e elegante de metade do último disco da islandesa.
O alargar de fronteiras estéticas está presente em cada faixa. Em "Kutsukaa sydäntä", há um piano que se arrasta sob um corropio de guitarras desafinadas. "Sydänten ahmija" põe o veludo do saxofone de Jukka Räisänen (um dos poucos músicos em mais um disco solitário de Merja) a contrastar com silvos sinistros, um órgão infantil e com a voz da finlandesa. A indecifrabilidade das palavras de Merja dá-lhe pontos extra de charme e estranheza (pelo menos aos ouvidos de quem não compreende finlandês).
Não se julgue que a folk marada desapareceu do vocabulário de Merja ("Muusimaa" são os compatriotas Avarus de uma pessoa só, "Muukalais-Silmä" é um sussurro fúnebre), mas Islaja é cada vez mais um projecto idiossincrático e livre.