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Inês Coutinho fala-nos de A.M.O.R., Ginga Beat no Lux e Violet
· 15 Fev 2010 · 12:30 ·


Inês Coutinho mantém a agenda muito ocupada entre diversos activos na música urbana (de Lisboa e do mundo) e a manutenção de uma imponente colecção de discos de Jay-Z. Mesmo assim, descobriu uma vaga para falar com o Bodyspace. Acerca dos avanços naquele que será o álbum de estreia de A.M.O.R., o híbrido que mantém com Honey e diversos colaboradores, Inês (também conhecida por Violet) adianta: â€Estamos a mais ou menos um terço das gravações das vozes - mas depois vamos ter um trabalho considerável em termos de pós-produção, arranjos e mistura. A nossa abordagem não mudou no sentido estrito, mas tem vindo a refinar-se, o que acaba por se sentir claramente na música. Sobretudo, chegámos a algum tipo de equilíbrio na nossa curva de aprendizagem em que estamos a fazer exactamente aquilo que queremos, o que nos permite ser fiéis à nossa visão sem nos depararmos com entraves técnicos nem falta de skills. As colaborações incluem o nosso DJ - o Núcleo, os beatmakers Mushug (Octa Push) e Marco (Photonz). Nas vozes vamos ter o Alex (Youthless), o Nerve e a Coco Solid (Paralel Dance Ensemble). Há mais um par de nomes que ainda são segredoâ€.

Antes de serem desvendados os segredos, haverá tempo para celebrar um ano de Ginga Beat, o animado programa de rádio, que, desta vez, vai ser gravado ao vivo a partir do Lux, de Lisboa, na noite de 25 de Fevereiro. Inês começa por descrever as origens do Ginga Beat: “Ainda é difícil acreditar que já gravei mais de 50 programas focados nas novidades relevantes da cena nacional. Olhando para trás, parece-me que, ao invés de ter que nadar contra a corrente fui trazida até aqui por uma força consistente. (…) Toda esta visão integrada a que o programa me trouxe começou na Red Bull Music Academy, na qual fui participante em 2008, e onde tive a minha maior epifania musical: acreditar verdadeiramente numa cena nacional com importância global. (…) Tem sido uma honra ter a oportunidade de espalhar a palavra sobre o talento que há por cá, bem como trabalhar com pessoas que admiro a sério: Rui Miguel Abreu, Kalaf (ex-Ginga beat), DJ Mpula, DJ Ride e a crew da RBMA num projecto que faz todo o sentido no panorama actualâ€.

Depois ficamos a saber um pouco mais sobre o elenco da noite: “A celebração do aniversário do Ginga Beat vai ser enorme! Convidámos vários artistas que condizem em tudo com a estética sónica do programa: Hudson Mohawke, Martyn, Photonz e Octa Push são só alguns deles. A transmissão em directo do programa vai ser uma inovação, especialmente se tivermos em conta o formato pouco convencional do Ginga Beat. E depois, é no clube mais emblemático da cidade - what's not to love?â€.

Além de tudo isto, Inês Coutinho prevê para breve um maior empenho no que vai fazendo por conta própria. “Quando o disco de A.M.O.R. estiver pronto, vou começar a ter mais espaço mental para a Violet. Na sequência das edições do ano passado, que foram colaborações que me enriqueceram muito, tenho agora vontade de levar adiante as minhas ideias duma maneira mais solitária, em que posso deixar fluir a minha inspiração das maneiras mais estranhas sem ter que me preocupar com mais nada - e nesse sentido quero explorar sobretudo a parte da produção, que é uma paixão desmesurada que eu tenho, embora ainda sinta muita insegurança relativamente às minhas faixas. No fundo sei que só preciso de mais tempo e compromisso para conseguir chegar ao som que toca na minha cabeça, e nessa altura gostava de editar um EP essencialmente instrumental - já comecei algumas faixas, mas só vou conseguir finalizá-las quando este primeiro grande projecto das A.M.O.R. tiver chegado a bom portoâ€.

“Os discos em que entrei no ano passado foram 2: o primeiro foi o EP da Subeena, produtora de Londres, com quem fiz amizade na Red Bull Music Academy e que entretanto já editou um single na Planet Mu e abriu a sua nova editora, a Opit. A faixa chama-se "Znare", saiu pela já extinta Imminent Records e é resultado duma colaboração que aconteceu na academia em Barcelona. O segundo foi uma compilação da editora inglesa Senseless, na qual a faixa "Click" entrou depois do DeVille, um dos heads da editora, me ter convidado para rappar num instrumental dele. Essa compilação saiu em 2 volumes e entram pessoas como os Foreign Beggars, a Warrior Queen, o Kanji Kinetic, os Octa Push (a remisturarem a Click) ou o Starkey. Passado um ou dois meses decidiram fazer um 12'' com 3 das melhores faixas das compilações, o que me valeu estar a rappar num disco no flipside da Warrior Queen remisturada pelo Starkey e ao lado de uma faixa linda - e Zombylike - do Saratis. Vale o que vale, mas foi muito divertido e a faixa ainda me soa muito bemâ€.
Miguel Arsénio
migarsenio@yahoo.com

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