ÚLTIMAS
Topes Ilustres 2016 - César Lacerda
· 13 Dez 2016 · 18:11 ·
© Daryan Dornelles

já há muito não se via tanta gente se espalhando desassistida pelas ruas do país. nas grandes cidades brasileiras há um amontoado de desesperança. e conviver diariamente com este cenário é demasiado entristecedor. há a cada esquina o povo largado, dormindo pelas ruas das cidades; assombradas. fomos todos enganados. toda uma nação.

dois mil e dezesseis termina de forma aterrorizante. e amedrontadora. o horizonte é pesado, denso. estamos todos impotentes. há uma letargia que toma conta de tudo. e há, o que por si só é muito pior, uma alienação. em suma, há tudo de ruim um pouco. há o passado a insistir no presente.

em todo caso, a produção musical no Brasil segue, naturalmente, inabalável. mas eu ouvi pouquíssima música em casa. estive ocupado tomando conta de mim - uma afirmação controversa.

mas gostei muitíssimo de assistir ao vivo ao "Guelã" da Maria Gadú, e ao "Júpiter" do Silva, dois dos principais cantores do Brasil de hoje, com proposições estéticas muito inteiras nos seus espetáculos. o Passo Torto junto da Ná Ozzetti me fez chorar pela inteireza daquilo tudo, pela "identificação absoluta" que sinto por SP. o "Ó" da Juliana Perdigão é uma pérola luminosa que se assume com violência e beleza irretocáveis. amei assistir ao "Troco Likes" do Tiago Iorc, a entrega e o carisma, o redimensionamento da sua carreira, a chegada para o grande público nacional. amei também assistir ao show desplugado do Maurício Pereira, esse gênio brasileiro; sua canção, "Trovoa", se torna, com estranho delay temporal, uma canção emblemática para essa geração.

em suma, isso. à espera de dois mil e dezessete.
César Lacerda

Parceiros