ÚLTIMAS
Chris Corsano apresenta mini-tour em duo com Joe McPhee
· 26 Jan 2016 · 10:07 ·
© Vera Marmelo

Músicos de gerações e origens distintas, Joe McPhee (multi-instrumentista, saxofones e trompete de bolso) e Chris Corsano (bateria, percussão) têm sedimentado a fama de serem dos improvisadores mais activos e versáteis do nosso tempo. McPhee e Corsano vêm trabalhando há vários anos em duo e vão percorrer Portugal no início do mês de Fevereiro, apresentando concertos nesse formato em várias cidades nacionais. Actuam no Teatro Viriato, em Viseu, a 10 de Fevereiro; na Galeria ZDB, em Lisboa, no dia 11; no gnration, em Braga, a 12; e encerram a mini-tour portuguesa no Velvet / Be Jazz Café, no Barreiro, no dia 13. Já tínhamos entrevistado Corsano em 2006, quando se começou a fazer notar, tendo na altura o baterista feito a sua apresentação e falando sobre as suas referências. Agora, passados dez anos, e antecipando a “mini-tour” por Portugal, Chris Corsano fala-nos sobre o duo com o veterano americano.

Porque começou a tocar em duo com Joe McPhee?

Porque o Joe é fantástico! Separadamente, já ambos tínhamos tocado com o [saxofonista] Paul Flaherty e, em 2005, juntámo-nos os três para tocar em trio, pela primeira vez. Em 2006 o Joe e eu tocámos como duo no festival Subcurrent, em Glasgow. Depois, uns quatro anos mais tarde, o Pedro Gomes e o Nélson Gomes contactaram-me e perguntaram se estava interessado em fazer uma tour europeia com o Joe, que eu aceitei logo, imediatamente!

O Chris e o Joe McPhee vêem de gerações diferentes, de universos sonoros distintos. Quais são os terrenos que partilham em comum, ao tocarem em duo?

O mundo seria terrível se só pudéssemos tocar com músicos parecidos connosco! E que melhor maneira de criar um terreno comum do que através da música, especialmente a improvisar! Penso que o Joe e eu partilhamos um amor profundo pela música de Albert Ayler, Ornette Coleman, Pauline Oliveros, Cecil Taylor, Billie Holiday, Charles Mingus e muitos outros. Ambos temos o desejo de construir a nossa própria música através da improvisação livre sobre aquilo que já foi criado por esses grandes artistas.

© Vera Marmelo

O que tem aprendido ao tocar com Joe McPhee, que é quase uma figura história do jazz e da improvisação?

O Joe tem um incrível sentido de “timing”, sabe exactamente fazer a coisa perfeita naquele momento perfeito! Ele tem a capacidade de ver as coisas de uma forma alargada, quer seja na música ou na vida, mantendo-se no momento – o que é muito inspirador. E ele é um dos improvisadores mais generosos e graciosos que já conheci, mas também não perde a oportunidade de “partir tudo” quando chega a altura certa.

Em duo vocês já publicaram dois discos, Under a double moon (2011) e Scraps and Shadows (2013). Poderemos esperar um novo álbum para breve?

Temos algumas gravações de actuações ao vivo que gostaríamos de ver editadas. De momento não há nada previsto no imediato, mas esperamos que surja algo, num futuro não muito distante…

Ambos tocaram no disco This is our Language do Rodrigo Amado, editado no ano passado. Como correu essa experiência? O facto de o Chris e o Joe McPhee já tocarem juntos em duo facilitou o trabalho com o quarteto?

Provavelmente sim… Mas, para ser honesto, eu senti logo uma ligação imediata com o maneira de tocar do Rodrigo e do Kent [Kessler, contrabaixista do quarteto], por isso foi uma alegria pura tocar neste grupo.

O que poderemos esperar destes concertos do duo com o Joe McPhee em Portugal?

Uma das muitas coisas boas do Joe é que, independentemente de quantas vezes o tenha visto tocar, ele nunca deixa de me surpreender com a sua capacidade de trazer algo completamente novo e inesperado. Poderá ser um cliché dizer “esperem o inesperado” mas, no caso do Joe, é mesmo verdade. E se há coisa que ele não é, definitivamente, é um cliché!
Nuno Catarino
nunocatarino@gmail.com

Parceiros