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Faltam três dias para o Milhões de Festa
· 22 Jul 2014 · 11:01 ·


É aquela semana em que as pernas começam a tremer de emoção e as horas passam demasiado, demasiado lentamente, tão lenta que o tempo parece parar e damos por nós sozinhos no mundo. "Sozinhos"? Nah, que há imensa gente que por esta altura sofre dos mesmos sintomas. O Milhões de Festa, edição 2014, está prestes a começar - quinta-feira iniciam-se as hostilidades - e o fim-de-semana mais aguardado desde 28 de Julho do ano passado bate finalmente à porta. Mala feita, tenda às costas, bilhete comprado e viagem planeada até Barcelos e siga, que Carnaval são três dias mas o Milhões são quatro. Dado o ecletismo do certame é difícil escolher apenas cinco coisas a picar entre as inúmeras ofertas e palcos, mas estas são as conclusões a que nós pessoalmente chegámos (sabendo de antemão que cada qual terá a sua forma diferente de ver e sentir as coisas, e é por esta razão precisa que o Milhões de Festa é um caso à parte: existe sempre algo para alguém). Vemo-nos por lá?

Se só puderem ver uma coisa:

Não percam, a bem da vossa sanidade mental, o concerto dos Earthless - quer tenham ou não ácidos em vossa posse. A banda de Isaiah Mitchell, um dos últimos Deuses vivos da guitarra, vem finalmente até nós depois de andarmos anos e anos apaixonados por aquele misto de maravilha e porrada que são os dois primeiros discos dos norte-americanos, Sonic Prayer e Rhythms From A Cosmic Sky. Fritaria que faz flutuar, tributo máximo ao rock n' roll, e um concerto que promete ficar na memória colectiva como o momento em que passámos a acreditar que há mais no mundo para além da guerra e da pobreza e da miséria. Actuam no domingo, no palco principal, pelas 23h20.

Se puderem ficar pelo recinto após o concerto dos Earthless:

Os Melt Yourself Down não são necessariamente uma banda "escondida", mas é uma lástima que não exista mais gente a descobrir-lhes o génio. Fusão entre jazz, punk, afrobeat e coração festivo, os britânicos - diz a imprensa especializada, confiemos sempre na imprensa especializada - não fazem por menos em cima de um palco e colocam todo o espaço de pantanas durante e após uma actuação. O espaço e o corpo. Impossível não dançar com estes moços. Tocam no mesmo dia e palco que os Earthless, quando a hora marcar 1h50.

Se na quinta-feira já andarem por Barcelos:

Entenda-se este como o "dia zero", a abertura das festividades e o reencontro-convívio de malta que não se vê desde o festival do ano passado (e tantos que os há nessa situação). Ocorre no Palco Taina entre as 18h30 e o nascer do sol seguinte (se ninguém cortar o som) e contará com nomes como Gonçalo, Alen Rein, Serrabulho, Iguanas ou Putnam Was The Bastard, para não falar dos DJs da casa que ao final da noite prometem pôr toda a gente a tirar a roupa. É também o dia em que o vosso fígado mais clama, numa voz sussurrada e dolorosa: "alimenta-me...".

Se a vossa onda é a piscina, ainda que na piscina não haja ondas:

Local idolatrado por muitos e acessível a poucos (ir cedo recomenda-se), a piscina do Milhões de Festa é como um festival dentro do festival e, sem sombra de dúvida, aquilo que mais contribuiu para o culto que se criou em torno destes fins-de-semana minhotos. Entre sexta, sábado e domingo, alguns dos nomes que por lá passarão são os seguintes: Dear Telephone, Riding Pânico, Memória de Peixe, Awesome Tapes From Africa (DJ Set), Duquesa e Thug Unicorn, exemplos dentro de uma lista que promete agradar a gregos e troianos enquanto se atiram de cabeça para a água e sorvem dos deliciosos mojitos. Ah, que saudades.

Se os funerais não são, para vocês, um acontecimento triste:

Os Vicious Five darão aquele que deverá ser o seu último concerto de sempre no palco principal, logo no primeiro dia. Se não estiveram presentes no Alive, esta é a vossa oportunidade para testemunhar ao vivo aquela que foi uma das mais importantes bandas nacionais da década dos zeros - e cujo legado ainda hoje continua a ser transmitido de norte a sul do país (os Glockenwise, por exemplo, seriam uma banda muito mais deprimida). Uma celebração em vida daquilo que é a morte; não esperem outra coisa que não o rock.
Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com

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