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Festival Rescaldo pela voz do comissário
· 18 Fev 2014 · 16:06 ·
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O Festival Rescaldo vai para a 7ª edição, entre 20 de Fevereiro e 1 de Março - já ali apresentamos a programação. O comissário do festival, Travassos, apresenta-nos o festival.

O Festival Rescaldo vai para a 7ª edição. Como tens visto a evolução do Rescaldo, que começou n'A Barraca, mudou-se para a Culturgest e Trem Azul e tem agora uma estrutura sólida?

O festival evoluiu de uma forma totalmente inesperada para min - começou por ser apenas um capricho e agora é algo de altamente sério que atingiu uma dimensão que ultrapassou as minhas expectativas iniciais. Neste momento o festival conquistou um lugar inegável no panorama e consegue deixar marcas em muitos espectadores. Para terem uma ideia a taxa de ocupação da última edição rondou os 100%, muita gente ficou de fora em alguns concertos. De igual forma o clipping (cobertura da imprensa) tem aumentado exponencialmente desde que a festival se instalou na Culturgest. É natural que assim seja pois paralelamente cresceu a capacidade do festival de se conseguir promover, tendo em conta o apoio de uma estrutura tão credibilizada como a Culturgest, que tem imediatamente associada a si um cunho de qualidade. E esse factor ajuda muito a que todos encarem o festival como algo sério e de valor acrescentado.

Quais são os destaques da programação de 2014?

É sempre muito difícil para um programador nomear destaques porque implica estar a promover alguns artistas em detrimento de outros. Posso no entanto destacar algumas situações inéditas como é o caso do encontro do Rodrigo Pinheiro com o Thomas Lehn, os Sturqen e o Nuno Aroso que prepararam peças especificamente para o festival, os novíssimos The Jack Shits, o lançamento do disco do Simão Costa, um génio a descobrir ou o Dj set do Vitor Rua que é tão imprevisível como aliciante.

O cartaz inclui nomes ligados a géneros muito diversos: rock, electrónica, improvisação. O que caracteriza a linha programática do festival?

Essa é precisamente uma das linhas orientadoras do festival. Não me interessa a proveniência ou género interessa sim a sua qualidade ao nível, da inovação, criatividade e até persistência - no fundo tem a ver com o contributo que músicos ou projectos dão para o evoluir das músicas feitas em Portugal, ou por Portugueses. Por outro lado interessa-me também misturar públicos, confrontar na mesma noite espectadores que normalmente estão, por natureza social, confinados aos seus circuitos e hábitos. Outro vector programático prende-se directamente com o próprio nome - Rescaldo - que significa fazer um balanço do que de mais interessante se desenrolou, ou emergiu no decorrer do ano anterior.

A label Shhpuma, subsidiária da Clean Feed lançada em 2012, tem estado muito ligada ao Rescaldo. Já editou oito discos e tem prometidos novas edições. Quais são as novidades e planos para os próximos tempos?

A Shhpuma nasceu com o Rescaldo e encontra-se intimamente ligada com o mesmo porque partilham conceitos e estéticas comuns. A editora serve para fechar o círculo de suporte que fazemos a estes projectos onde tentamos oferecer algumas ferramentas que contribuem para o seu posicionamento no mercado nacional e internacional. O Rescaldo funciona como um veiculo de promoção da Shhpuma e vice versa. Temos actualmente em evidência três edições: duas delas ligadas ao Rescaldo que é o caso do lançamento do disco do Simão Costa - π_ANO PRE·CAU·TION PER·CU·SSION ON SHORT CIRCUIT e do Eduardo Raon que vem promover o seu recente disco "On the Drive For Impulsive Actions", numa parceria com o Maria Matos Teatro Municipal. E finalmente o Timespine da Adriana Sá com o Tó Trips e o John Klima, também em parceria com o Maria Matos Teatro Municipal, constituído por músicos que já passaram pelo festival. Para um futuro próximo chega uma das nossas mais esperadas edições que é o Thurston Moore com o Gabriel Ferrandini e o Pedro Sousa Live at ZDB, precisamente numa parceria com a ZDB, uma edição limitada exclusivamente em LP. O lançamento está apontado para finais de Março, altura que o Thurston estará por cá numa mini tour. Um desses concertos servirá de lançamento do disco. Acredito que um nome tão gigante da música mundial vai impulsionar bastante a visibilidade da editora. Ainda antes do verão teremos um novo lançamento de um dueto de Braga de piano e electrónicas (ainda não posso revelar nomes), desta feita numa parceria com o Theatro Circo.

Além da música, que actividades paralelas complementam a edição 2014 do Rescaldo?

Como já vem sendo regular mantemos um acordo com a Associação Chili com Carne que acompanha a lógica do festival, na medida que escolhe um ilustrador que se tenha evidenciado no ano anterior - como é o caso da Amanda Baeza, um jovem talento a descobrir. De qualquer maneira esta actividade paralela acaba por ser meramente simbólica. O ideal seria existirem mais actividades paralelas que abrangessem muitas outras áreas e que servissem de complemento ao festival.
Nuno Catarino
nunocatarino@gmail.com

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