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OUT.FEST: de onde vens, para onde vais?
· 09 Out 2012 · 16:10 ·


Amanhã começa mais uma edição do OUT.FEST, aquele festival de música estranha que leva todos os anos grandes nomes da música exploratória ao Barreiro. Este ano há Helena Espvall, Steve Gunn, Kevin Drumm, Man Forever, entre muitos outros. Para saber mais acerca do passado, do presente e do futuro do festival, fomos falar com Rui Pedro Dâmaso e Vítor Lopes que aceitaram responder a todas as nossas perguntas.

Quando olhas para o passado do Out.Fest, o que achas que mudou? Há algo que te deixe especialmente orgulhoso?
 
Rui Pedro Dâmaso: O carinho que temos pelo OUT.FEST e que sentimos como recíproco da parte de tanta gente, entre público e artistas, é o factor que mais nos motiva, e que assinala ao mesmo tempo esse caminho entre passado e presente do festival. O percurso, mais do que o fim, é o que mais nos preenche.
 
Como achas que o Barreiro sente este festival?
 
Vítor Lopes: As pessoas do Barreiro sentem o festival como uma daquelas coisas muito particulares da sua cidade. Se nos primeiros anos grande parte do público do festival eram essencialmente músicos e melómanos na casa dos vintes (grande parte deles importados de Lisboa, diga-se), hoje em dia, a parte mais importante do público são barreirenses de todas as idades e sem especiais ligações ao mundo da música. A percepção da qualidade ao nível da programação (e mesmo da produção e comunicação) do festival são hoje em dia o suficiente para levar as pessoas a sair de casa. Esta relação de confiança com o público da cidade é uma das coisas mais importantes e das que dão mais sentido ao festival.
 
É possível fazerem-se destaques em relação ao cartaz deste ano ou o cartaz vale pelo todo?
 
Rui Pedro Dâmaso: Achamos sempre que cada ano tem uma identidade própria, que cada cartaz vale como um todo, uma viagem com princípio, meio e fim. Calculo que será inevitável, no entanto, destacar um dos pontos dessa viagem, que assinala a estreia nacional de um gigante como o Kevin Drumm. Conseguir sobressair, na década passada, num meio que tão rapidamente gerou dezenas e centenas de músicos tão semelhantes entre si e afectados por algum seguidismo, é proeza à qual é impraticável não atribuir o brilhantismo devido; o Kevin Drumm é um dos verdadeiros estetas da música livre deste século. 
 
Há mais propostas para além dos concertos propriamente ditos. Fala-nos um pouco disso...
 
Rui Pedro Dâmaso: Continua a decorrer o nosso projecto de sensibilização ambiental, o Sons do Arco Ribeirinho Sul, cujo arquivo sonoro estará terminado em 2013, mas cujo progresso assinalamos nesta edição do OUT.FEST com uma oficina de recolhas sonoras e com um Concerto para Olhos Vendados, ambos da autoria do Luís Antero e ambos destinados a quem deseja ouvir com os ouvidos bem abertos.
 
Este festival nasceu numa altura em que a música periférica portuguesa estava ao rubro. O que achas que prevalece desse momento da música portuguesa?
 
Vítor Lopes: Houve ali um momento em que realmente surgiu muita coisa nova no espaço de meses: festivais, bandas, locais para tocar, editoras de CDr, publicações etc. O que prevalece são sobretudo as pessoas. Praticamente todas continuam não só activas mas a fazer coisas cada vez melhores e mais interessantes quer seja a tocar com as mesmas ou com novas bandas, a organizar concertos, a escrever etc. O OUT.FEST é, espero, um exemplo disso.
André Gomes
andregomes@bodyspace.net

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