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Kylie Minogue - "Timebomb"
· 27 Mai 2012 · 17:17 ·


É genérica, derivativa, repetitiva. Mas também é livre, totalmente eufórica e despreocupada. É um êxtase puro de três minutos, um daqueles pedaços de electro-pop delirante com que Kylie se safa sempre. Mesmo no meio das produções mais anónimas, há um charme inequívoco que é muito dela: um total desprezo pelo passar do tempo (Kylie completa 44 anos nesta segunda-feira) e uma sede imensa de entregar o corpo à música. Isto é o som dos tempos desesperados de uma pop que continua à procura da batida perfeita através dos piores atalhos da electrónica. Rodeia-se de uma imensidão de sons sobreproduzidos e toda atrofiada pelo auto-tune, mas uma voz tão vaporosa como a dela e uma personalidade assim tão vaga encontram na tecnologia a parceria ideal. Com "Timebomb" afasta-se da electrónica etérea do último álbum (Aphrodite, 2010), equipa-se com um pulso mais feroz e robótico e volta a rebolar nos mini-calções. É a Kylie intocável no seu habitat natural, encalhada no artifício de uma pop pré-digerida, e isso poucos fazem tão bem como ela.

Ana Patrícia Silva
anapatricia@gmail.com

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