ÚLTIMAS
Lisbonne aime les sucettes
· 22 Jan 2012 · 18:00 ·


Esta não é uma editora indie. Bem, talvez seja. Mas as festas que organiza nunca o são. Dizem eles. A maior festa que organizam, o Milhões de Festa, é um festival meio indie, e nos dois últimos anos teve por lá alguns exemplares dessa subcultura, mas não é tão indie que seja referência nas bíblias indie tipo Pitchfork. A não ser que se considere o Bodyspace como a Pitchfork portuguesa. Nós, que por cá escrevemos, somos um bando de frustrados, é certo e sabido, porque não pertencemos aos quadros da Pitchfork, mas se somos nós uma variante da Pitchfork, e por conseguinte monges indies, então está bem. Não que ser indie ou não interesse para alguma coisa, mas parece que hoje em dia é um rótulo que atrai gajas. Disseram-me. Nunca experienciei tal coisa. Talvez não seja suficientemente indie. Como as festas.

Ah, parece que essas festas vão passar a ter espaço mensal no Lounge, em Lisboa. O Lounge é indie? Oferece credibilidade? As pessoas vão para lá apenas para marcar presença em vez de assistirem a concertos e beberem uns copos? Acho que só lá fui um par de vezes, mas de qualquer das formas não saio de casa. Ser forever alone é indie? «Estar com pessoas é *tão* década passada...». A primeira noite está a cargo dos Black Bombaim, com disco novo a sair este ano, e de Tren Go! Sound System, que editou disco no ano passado. Isto antes de outro Som Sistema, o da Lovers & Lollypops themselves, se posicionar em frente dos pratos para nos dar música. Pelo menos eu *acho* que é isso que fazem. Bem, também posso perguntar-lhes. O que se segue é uma conversa tida no Facebook com um dos membros do grupo.

Nuno Dias, porque é que estas festas não são indie?

Opá, na altura andávamos à procura de nome para o blog da Lovers e banhados pelas festinhas cheias de meninas de franja, todas indie, e com o pessoal todo a curtir indie. Quisemos criar o oposto a essa cena. Não são indie, porque somos feios, gordos, bêbedos e curtimos arroz de cabidela.

É verdade que só tu é que consegues pôr gente a dançar com as malhas que vais escolhendo?

Quem é que disse isso? O cabrão do Gomes? Ou o cabrão do Fua? Basicamente, quando ´tou ali, tenho tendência para azeiteirar. Ou a nível da selecção musical ou das minhas danças pouco convencionais.
É uma cena neo-chunga que o dancefloor precisa.

Alguma vez pensaste em passar som com uma boina na cabeça?

Eish, essa foi ao joelho. Se me emprestares a tua, posso tentar dar um ar de Fernando Cunha dos Delfins.

Quantas canções de Scooter ou temas do Benny Hill em loop são precisas para que um DJ set seja perfeito?

Scooter tem altas malhas. É cockteasing, porque toda a gente conhece e de certeza sabe a letra, só que no fundo, bem no fundo, ninguém quer assumir que conhece. Quando largamos Scooter é só para as bichas se soltarem. Já o Benny Hill só se adapta aos pregos de volumes que o Gomes dá, às minhas quedas de palco e às sessões masturbatórias de rock que ninguém conhece do Fua.

Que mensagem gostarias de dedicar aos dois outros membros do colectivo antes de entrarem em cena na sexta?

Fua: traz-me os discos. Gomes: por favor não venhas com fome para o set. Por favor.
Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com

Parceiros