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As dores de se esperar pelo amor
· 18 Nov 2010 · 00:18 ·


Tinha tudo para ser uma noite bonita e repleta de amor adolescente, mas as condições meteorológicas adversas impediram que os Pains Of Being Pure At Heart aterrassem a horas certas no nosso país para o concerto de ontem no Lux; apenas por volta da 1h15 os nova-iorquinos pisaram o palco da sala lisboeta, sendo que não nos foi possível ficar por muito mais tempo para fazer uma documentação exacta da noite, virtude do nosso compromisso ecológico em nos deslocarmos apenas de transportes públicos. Na viagem de regresso, ouvir Morrissey cantar que o amor é uma mentira pegada nunca soou tão verdadeiro.

Um mau presságio começou logo por tomar conta dos presentes durante a actuação d'Os Lábios, uma hora depois do previsto, que apresentaram canções pop/rock cantadas em português e uma vocalista que tentava ao mesmo tempo ser Annie Lennox e Manuela Azevedo, enquanto cantava não querer ser diva e pulava pela pista de dança, microfone na mão a puxar pelo público já algo apreensivo. Da actuação fica uma canção sobre Marguerite Duras (que também escreveu sobre amor adolescente) e uma grossa estaca enfiada em "Vampiros", original de Zeca Afonso. Talvez fosse da noite fria, mas há demasiado cieiro nestes lábios.

Depois de um longo tempo à espera (em que pelo menos se pôde dançar uma malha dos Suicide e "Babe, I'm On Fire" de Nick Cave) os Pains chegam finalmente, actuando para uma sala já a meio gás e desprovidos da teclista Peggy Wang, que terá também tido problemas com o seu passaporte. Nada que os impeça de começar a tocar; citando o vocalista Kip Berman, "estamos acordados há vários dias, não temos teclista e estamo-nos pouco lixando, vamos tocar rock n´ roll!". Antes de sermos obrigados a nos despedirmos houve tempo para ouvir "This Love Is Fucking Right!", elegia ao incesto e ponte entre o twee definido pela geração C86 e o shoegaze, "Hey Paul" (um simpático cumprimento) e os primeiros acordes de "Contender". Resta esperar que os resistentes tenham aproveitado o concerto possível. E que da próxima ofereçam boleia ao jovem sorumbático à frente do palco.
Paulo Celílio

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