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O Hard Club reabre não tarda nada, agora com vistas para Gaia
· 07 Set 2010 · 10:14 ·


Mudou a cidade mas o espírito aparentemente continua o mesmo. Aliás, parece redobrado em função das contrariedades que levaram o Hard Club a deixar Gaia e passar a ponte para o outro lado. Dele diziam que detinha a melhor acústica do país; foram muitos anos de concertos e da construção de um espírito muito peculiar. Mas porque não parece que o Hard Club tenha muitos desejos de nostalgia, apontamos para o futuro. A abertura ao público do clube que agora ocupa o belíssimo Mercado Ferreira Borges acontece oficialmente já no próximo dia 17 de Setembro, e contará com um concerto dos Atari Teenage Riot, com data única em Portugal, e um DJ Set dos Zero 7. Assim se inicia a aventura portuense de um clube que irá certamente mudar a cidade, sobretudo a zona da ribeira, tão longe da glória contada dos anos 80.

Para saber melhor o que move esta casa na mudança de cidade, fomos falar com Paulo Ponte, um dos representantes do Hard Club, que traçou objectivos e planos para 2010 e para os anos que se seguem.

Quais são as expectativas para o primeiro trimestre de existência do Hard Club no Porto? Quais são os maiores objectivos por enquanto?

Abrir em força, apresentarmo-nos à cidade e ao mundo, aperfeiçoarmos a nossa missão através da atenção a todos os que nos visitam.

Que destaques fariam da programação dos próximos meses?

A programação é bastante variada, mas além dos grandes nomes de cartaz, o principal destaque deve ir para os programas de Teatro, Cinema e Infantis, esses são sem dúvida as grandes novidades do Hard Club.

Como funcionará em termos de programação o Hard Club? Vão tentar equilibrar uma dose de programação própria com a cedência de espaço ou aluguer a outras promotoras do país?

O mais possível, a oferta e procura é que vão ditar as regras, tendo a esperança que desde promotores a artistas todos queiram trabalhar e apresentar-se nos nossos palcos.

O Hard Club pretende também ser um factor de rejuvenescimento e recuperação da Ribeira, que por motivos vários tem vindo a perder vida e pessoas? Vão procurar estabelecer parcerias com a comunidade, com o bairro?

Não temos a pretensão, mas, sabemos da importância e do impacto que podemos ter na zona. Desde o estudo do projecto que ganhamos imensa força e apoio através do desenvolvimento de parcerias, a começar com os vizinhos aos quais nos apresentamos logo nos primeiros dias.

No que toca à autarquia, tiveram desde logo todo o apoio e interesse para que se instalassem na cidade? Sentem-se bem-vindos?

A CMP tem contribuído de uma forma muito séria, a começar com o concurso público e com o caderno lançado, o qual nos obrigou a estudar muito e a apresentar uma proposta muito sólida e madura e que tem ajudado a ultrapassar os obstáculos que surgem num projecto desta dimensão e com uma equipa muito reduzida.

As outras salas de espectáculos do Porto são concorrentes ou vão procurar estabelecer parcerias e um entendimento entre todos?

Nós não temos nem seremos concorrente, porque o objectivo é estabelecer uma rede de contactos que promovam uma actividade conjunta, beneficiando a Cidade, o Norte e se possível o País.

Será possível recriar o espírito do antigo Hard Club num novo espaço, numa nova cidade? Pensam que o público do antigo Hard Club vai continuar a procurar o novo espaço?

Relativamente às comparações e ao saudosismo, costumo dizer que, mesmo os mais teimosos no momento em que as luzes se apagarem e os primeiros acordes soarem vão sentir que a essência do Hard Club não é só um espaço, mas um conjunto de condições e características que só são atingidas quando se trabalha com grande paixão e que facilmente contagiam todos à sua volta.

Neste clima de grande efervescência cultural da cidade, acham que o Hard Club poderá fazer a diferença mesmo situado num bairro que é apenas uma sombra do que foi no passado?

A atitude deve e tem de ser de participar, de fazer mais. Está mal? Como fazer melhor?! O próprio Hard Club é nessa atitude, talvez, um exemplo, a saída "forçada" de Gaia fez querer ir mais longe, contrariar os problemas existentes e resolvê-los de uma forma clara e concreta. Claro que agora vamos ter novos "problemas", eles existem sempre, mas temos que ser optimistas e lutarmos por aquilo que acreditamos, o Porto e a Ribeira são algo de único, precioso e que se pararmos a contemplar a vista podemos ver todo o potencial e a sorte que temos de vivermos numa cidade tão rica e maravilhosa e que está a fazer muito para renascer e ser um marco cultural e criativo. E vai ser!
André Gomes
andregomes@bodyspace.net

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