ETC.
LIVRO
Anarco-Queer? Queercore!
Rui Eduardo Paes
· 31 Mai 2016 · 22:17 ·
Anarco-Queer? Queercore!
Rui Eduardo Paes
2016
Chilli Com Carne
Anarco-Queer? Queercore!
Rui Eduardo Paes
2016
Chilli Com Carne
Hardcore, anarquia e activismo queer.
Com uma intensa actividade na escrita sobre músicas ao longo dos últimos 30 anos, o musicólogo Rui Eduardo Paes (REP) teve um período de enorme produção literária entre o final do século passado e o início do novo. Entre 1996 e 2003 publicou cinco livros: Ruínas: A Música de Arte no final do Século (Hugin, 1996); A Orelha Perdida de Van Gogh (Hugin, 1998); Cyber-Parker (Hugin, 1999); Phonomaton: As novas músicas do início do Séc. XXI (Hugin, 2001); e Stravinsky Morreu: Devoções e utopias da música (Hugin, 2003).

Após a falência da editora Hugin, Paes entrou em período de pousio, mas regressou à edição no início desta década, agora pela Chili Com Carne em parceria com a Thisco - Coleccção THISCOvery CCChannel. Primeiro foi Bestiário Ilustríssimo (2012); seguiu-se “A” maiúsculo com círculo à volta (2013), explorando as relações entre música e anarquia; já em 2015 foi editada a continuação do bestiário, Bestiário Ilustríssimo II / Bala. Em mais uma edição partilhada Chili Com Carne e Thisco, chega agora Anarco-Queer? Queercore!.

Se nos livros anteriores REP se focava sobretudo na improvisação, no jazz e nas conexões entre a música e outras artes, este novo trabalho é mais focado. Paes identifica o momento em que o punk hardcore se cruza com o activismo LGBT, fazendo também a ligação destes com o anarquismo. Anarco-Queer? Queercore! surgiu como continuação das investigações de Paes sobre o pensamento anarquista - já explorado em “A” maiúsculo com círculo à volta - e ao longo de cinco capítulos são retratadas bandas, músicos, “performers” e artistas multi-disciplinares, fazendo a contextualização da sua música com a filosofia política e o contexto social, sempre com um espírito punk.

Característica fundamental deste livro é o próprio formato físico e a sua paginação atípica, que se aproxima do formato “fanzine”. Numa escolha estética pouco comum (e exemplificativa do espírito rebelde do livro), cada capítulo é paginado e ilustrado por um artista nacional diferente: Bráulio Amado, Hetamoé, Astromanta, Joana Estrela e Rudolfo; a capa está a cargo do espanhol Carles Garcia O'Dowd. Este é um documento atípico que pode interessar a curiosos que queiram descobrir um universo musical pouco explorado.
Nuno Catarino
nunocatarino@gmail.com

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