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DVD
Fingered Dvdzine Summer/Fall 2007 Mexico
V/A
· 12 Dez 2007 · 08:00 ·
Fingered Dvdzine Summer/Fall 2007 Mexico
V/A
2007
Fingered Media
Fingered Dvdzine Summer/Fall 2007 Mexico
V/A
2007
Fingered Media
Após generosos apanhados do underground artístico de São Francisco e Nova Iorque, esta DVDzine espalha-se ao comprido na sua romaria pelo México.
Não é todos os dias que o Bodyspace dispõe da oportunidade de propagar o seu amor por uma publicação congénere na sua vocação de zine feita pelos fãs e para os fãs. Ainda não será desta que tal entrega é exercida na exactidão, porque a zine mantida pela Fingered Media não se encontra online ou num formato escrito – ao invés disso, é editada, em toda a sua glória audio-visual, num registo DVD que conhece publicação de duas em duas estações. Além dessa, outra peculiaridade destaca esta DVDzine: o seu conteúdo rege-se por um critério regional que, em números anteriores, a levou a focar a diversidade artística de Nova Iorque (motivando a uma excelente e prolongada entrevista com John Fell Ryan dos Excepter) e São Francisco. Após vistoria abrangente da música e arte plástica desses dois colossos da (contra-)cultura norte-americana, entende-se que apontar a mira ao México pode ser uma decisão com efeitos desastrosos. Sim, porque o México pode até ser vastamente rico no legado composto pelas filmografias a cargo de Alejandro Jodorowsky ou dedicadas ao lutador El Santo, mas actualmente não dispõe de argumentos que o impeçam de parecer artisticamente esquelético em comparação com a avalanche que não pára de se sentir a Nova Iorque ou São Francisco. Ou assim o indica esta Fingered DVDzine que lhe é dedicada.

Mesmo assim, existe sempre a hipótese de ter partido de uma má selecção tudo aquilo que redundou numa paupérrima amostra musical made in México. Concede-se o benefício a essa dúvida por motivo da zine ainda conseguir encher o olho nas suas passagens pelas pinturas e desenhos de uma série de artistas plásticos que estimulam alguma curiosidade. Tudo o resto fica-se pelo inútil e aberrante. O desastre acumula a sua primeira grande sílaba logo na presença de umas Post-Pastel que se decidem a colocar na mesma Picadeira 1-2-3 todos os ensinamentos anotados às Shonen Knife e Shonen. As miúdas miam, cantam ofegantes o refrão e fazem com que o seu teledisco se torne num candidato de peso ao título de “pior de sempre”, se excepcionarmos os de Skunk Anansie e Clawfinger.

Melhor figura não fazem uns espasmódicos Maniqui Lazer que, fardados com riscas vermelhas e negras, muito se parecem com uma claque do Flamengo que decidiu adaptar os seus cânticos a uma estética que cruza as identidades musicais dos Locust e International Noise Conspiracy. A completar o ramalhete, marcam também presença uns Los Fancy Free a que alguém já devia ter dito que nem todos podem ter a eficácia dos Dandy Warhols na ocupação do especial lugar reservado às bandas que fazem música para publicidade sem se tornarem completamente saturantes. Posto isto, e avaliados por completo os danos da des-gra-ça mexicana, fica a esperança (mesmo que abalada) de que a Fingered, numa próxima investida, aponte o dedo a um ponto do mapa que mais sólida fartura possa oferecer que esta.
Miguel Arsénio
migarsenio@yahoo.com

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