bodyspace.net


Endless Boogie
Europe Endless


Whatever happened to my rock n' roll? Poderia ser o grito de guerra dos Endless Boogie, quarteto de Nova Iorque que exemplifica tudo aquilo em que pensamos quando pensamos em psicadelismo, clichés incluídos - longas jams instrumentais, um carro a acelerar no meio do deserto enquanto na rádio os riffs nos assaltam a cabeça, céu escandalosamente azul onde vai vagueando a mente e a postura de quem nada tem a perder porque a vida é feita exclusivamente de vitórias. Enquanto se discute estupidamente sobre se o rock n' roll morreu ou não (a sério: têm prestado alguma atenção, ou limitam-se a gastar a fita das cassetes de Led Zep?), os Endless Boogie passam por cá para um concerto no Trips à Moda do Porto e, posteriormente, na Galeria Zé dos Bois; antes disso, o veterano Paul Major teve a amabilidade de nos responder a umas quantas perguntas.
Que me podes dizer sobre os Endless Boogie que nunca disseste a ninguém?

Existe uma extensa mensagem escondida num dos nossos LPs duplos que revela algo inacreditável. Nunca dissemos a ninguém em que faixa está ou o que é, não há pistas, acredito que alguém encontrará onde a escondemos por debaixo do ruído das guitarras, mas até agora ninguém o fez.

Formar uma banda de rock n' roll era o teu sonho de criança?

Só a formei para tocar guitarra muito alto, não tinha em mente qualquer carreira futura nesse tempo. Nenhuma estratégia a não ser rockar forte e feio.



Que te parece esta nova vaga de bandas de rock psicadélico que andam a surgir aqui e ali? Achas que as pessoas procuram algo mais espiritual, exploratório, ou sentem apenas uma afinidade pelo que é retro? Quanto retiram das pessoas que vos vêm ao vivo, e quanto lhes dão de volta?

Existem sempre novas vagas, apoio-as a todas se a sua motivação primária for a música. As pessoas gostarão sempre de algo mais exploratório se fizerem parte; o retro, por oposto ao "agora", é um rótulo que não importa se te divertires. Um bom momento de diversão é "espiritual" e contagioso sem regras desnecessárias. Damos e retiramos em quantidades exactas quando tocamos ao vivo; damos sempre o nosso máximo e quando a audiência se diverte percebemos logo. Somos, primariamente, uma banda para tocar ao vivo...

Sentes a necessidade de estar num estado particular de espírito quando tocas num estúdio (ou no teu quarto, ou ao vivo) e começas a esgalhar?

Não precisamos de um estado de espírito específico; podemos começar a tocar vindos de todas e quaisquer realidades... mais do que ter um determinado estado de espírito cavalgamos a onda desse dia. Há um lugar que procuramos alcançar, mas as estradas mudam constantemente.

Quanto tempo andaram a trabalhar no Long Island, e em que estúdio gravaram?

Começámos a gravá-lo na primavera passada em Dunham, num grande estúdio focado em soul e r&b. Acabámo-lo com uma faixa gravada ao vivo em estúdio, a "The Savagist", que abre o disco, há poucos meses.

Têm algum plano para lançar o Volume 1 e o Volume 2 juntos num disco? São difíceis de encontrar...

Talvez... existem bootlegs e podem, claro, ser sacados por aí - não estávamos realmente a pensar, na altura, que se tornassem itens caros para coleccionadores. Queríamos apenas livrarmos-nos de todos eles quando os fizemos...



Que se pode esperar do vosso concerto no Porto? Jams de três horas? Faziam ideia de que Trips À Moda Do Porto é um trocadilho com "tripas", que é basicamente um prato típico feito com tripas de vaca?

Vamos andar a tocar forte e feio, de certeza que se ouvirão longas jams. Alguns dos nossos sets na Austrália têm esticado até às duas horas, e como damos sempre o litro em qualquer situação em que estejamos, o Porto pode esperar 100% de acção. De certeza que haverá alguma quantidade de "Rock de Tripas de Vaca" lá para o meio...

Trocavas a tua colecção de discos pela ressurreição do John Lee Hooker?

Essa nem se coloca, significaria que a minha colecção de discos tem o poder de Deus... acho que os dividia em várias colecções para que o Bob Hite e o Alan Wilson também regressassem. Hooker 'N' Heat, parte dois!


Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com
18/04/2013