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Spoek Mathambo
O Internacional


Numa época em que, graças à internet e a editoras como a Soundway e a Analog Africa, a história musical do continente tem vindo a ser gradualmente absorvida (embora tenha a sensação que ainda faltam galáxias de conhecimento), Spoek Mathambo (Nthato Mogkata de nascimento) vem trazer uma abordagem que se pretende mais moderna à vida musical da sua África do Sul natal, cruzando-a com o rock, pop, r&b, electro e afins que caracterizam outra música dos nossos dias. "Father Creeper", o seu novo disco, chega até nós com selo da Sub Pop. Falámos com Spoek acerca de colegas de editora, colegas de profissão, e posições anti-nacionalistas.
Alguma vez sentiste que terias que competir pela atenção do público com bandas do Reino Unido e EUA? Qual consideras ser o maior risco que isso acarreta?

Tudo é competição. É a natureza da nossa sociedade, é a natureza da vida no Planeta Terra. Compito contra mim próprio, o meu passado, outros músicos no topo, e a futura colheita vinda de baixo. Todos competimos por muitas coisas diferentes. Seja um espectáculo na mesma cidade na mesma noite, ou espaço na rádio. Competimos pelo tempo do ouvinte com o objectivo de ser um favorito. Portanto sim, competimos. Não vejo nisso risco. Apenas crescimento e expansão.

Foi importante para ti manter alguma Sul-Africanidade na tua música? Se ouvisse o disco contigo, onde é que a assinalarias?

Não me interessa a sul-africanidade medida pelos parâmetros seja de quem for. Faço música que é interessante para mim, e honesta para com a minha experiência como um sul-africano que sempre viajou por todo o mundo, e adora música de todos os sítios.

Estaria muito mais interessado que me ouvisses como um artista original e individual. O nacionalismo é uma treta.

© Sean Metelerkamp

Quanto cresceu o disco com a presença dos colaboradores

O meu album “Father Creeper” é todo ele sobre colaboração. De princípio a fim foi um negócio de família.

Como foste parar à Subpop? Qual é a tua banda favorita da editora?

Eles gostaram do meu primeiro álbum “Mshini Wam”, e perguntaram se gostaria de lançar um disco por eles. As minhas favoritas são Mudhoney, Chad Vangaalen, Nirvana, CocoRosie, Go!Team, Debo Band, Shabazz Palace, TheeSatisfaction.

Não há dúvida que o teu álbum passa por um grande número de estilos diferentes. Planeias expandir esse trajecto, ou focar-te num ou dois pontos que consideres as tuas “especialidades”.

Continuarei a fazer o que me apetecer em qualquer momento.

O que está a arder na capa do “Father Creeper”? Pensas que a capa pode ser vista como controversa? Importas-te sequer que seja?

Não vejo porque a capa haveria de ser controversa. O que está a arder são os objectos de criança de rapazes. É um álbum sobre procurar ser maduro.

© Sean Metelerkamp

Pensas que há demasiado ênfase no passado musical de África em vez do presente e futuro? Como poderá isso ser alterado?

Acho que não, Estou rodeado de artistas novos e excitantes na África do Sul que são um sinal claro de um futuro brilhante, e é nisso que nos focalizamos. Grandes artistas como os Blk Jks, Markus Wormstorm, Thandiswa Mazwai, Sibot, Dirty Paraffin, The Frown, DJ Sdunkero, e BFG. Tenho um respeito enorme pelo passado e tento aprender o máximo possível com ele. Tal como com o Prince, Fela Kuti, Iggy Pop, The Buzzcocks...e com esse passado aprendemos lições.

M.I.A., Santigold ou Azealia Banks?

Todas as três por razões diferentes. São todas boas naquilo que fazem, obviamente. Não costumo verdadeiramente ouvir nenhuma delas.

A banda da tua primeira parte em Portugal é uma banda que mistura rock com kuduro. Chegaste a ver o concerto?

Sim, foi uma excelente fusão e um espectáculo muito enérgico. Eles deram cabo de nós essa noite, Todo o meu respeito para eles.

Se tivesses que escolher um artista sul-africano que merecesse maior exposição fora do seu país, quem seria?

Há tantos. Diria Sibot, ou The Frown, ou The Brother Moves On. Não consigo escolher, acho que são todos óptimos.


Nuno Proença
nunoproenca@gmail.com
22/10/2012