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Quartel 469
Rap educativo


Nem só do rock vive Barcelos. A prova disso são os Quartel 469, colectivo de hip-hop formado em 2007. Convergem de dois grupos então existentes, Mundo Lírico e Entre(vistas). Bellucci, Zulu e DJ Rui de um lado, Relax e 180 do outro. Hoje são apenas quatro. Saem 180 e DJ Rui (ficando como manager e produtor) e, em troca directa, entra DJ Flip. Em 2011 lançam o seu primeiro trabalho, um álbum homónimo com dezasseis faixas, onde a habitual frontalidade e sotaque nortenhos questionam valores de uma sociedade que constatam hipócrita, fútil e submissa. Nem a própria indústria musical se esquiva da crítica. São peremptórios quando dizem que trazem “o Hip-Hop sem tangas” e ao escreverem-no com letra grande. Assumem-se como pais do género na cidade tendo contaminado as gerações vindouras (Cálculo, Novo Mundo Ordem, Clandestino). Já partilharam o palco com alguns dos mais ilustres nomes do hip-hop portuense, como Dealema ou Barrako 27, e actuaram na última edição do Milhões de Festa. Para eles, o “Objectivo” é claro: “dar-te com rap nessas orelhas para ver se aprendes”.

Vêm de grupos musicais diferentes. Como e quando acontece a fusão?
 
Zulu: Quartel469 vem da fusão de dois grupos Barcelenses que são Mundo Lírico (Bellucci, Zulu e Dj Rui) e Entre(vistas) composto por Relax e 180. A fusão das duas banda deu-se em 2007 mas, bem antes disso, as duas bandas já actuavam juntas com projectos individuais e com algumas faixas em conjunto. 
 
Já existia algum background hip-hop em Barcelos antes de vocês ou sentem-se de alguma forma pioneiros?
 
Zulu: Em Barcelos, claramente somos pioneiros porque antes de Quartel469 existiram outros projectos todos com ligação aos elementos de Quartel (Quarta Classe, Mensageiros da Verdade, Tribo Urbana e Máfia Musical).


 
Alguns mais novos seguiram-vos os passos. Sentem o hip-hop como algo que pode contaminar as novas gerações de músicos?
 
Zulu: Sim, sem dúvida.
 
Lançaram há pouco o álbum homónimo. Como se deu o processo de gravação? É o disco que sempre quiserem lançar?
 
Rui: Quartel469 sempre teve em mente a edição de um álbum de originais, com trabalho, dedicação e por sentirmos que estava na hora, partimos para estúdio. O processo de gravação foi levado a sério mas também com divertimento para não se perder o espírito da banda. Desde já agradecemos ao Pedro (Gravestudio) pela paciência e empenho na gravação e masterização do álbum.
 
As vossas letras são altamente críticas. Veem na vossa música essa obrigação de alertar consciências?
 
Zulu: Sim, Sem dúvida! Por isso afirmarmos que trazemos Hip-Hop sem "tangas", tal como mandam as leis...


 
Onde se inspiram para criar e escrever? Naquilo que, por exemplo, podem vivenciar em Barcelos?
 
Zulu: Inspirámo-nos em tudo o que vivemos e vemos, seja em Barcelos, ou não, porque hoje em dia as evidências estão aos olhos de quem quiser ver.
 
Nesta mesma dicotomia, qual é a percentagem de importância no hip-hop entre as palavras e o instrumental?
 
DJ Flip: Para mim o mais importante, sem dúvida, são as palavras, mas falando musicalmente também é importante um bom instrumental.
 
O hip-hop português é bastante próprio e distinto. Quais as grandes diferenças entre este e o hip-hop a la MTV?
 
Zulu: A grande diferença é a projecção e o profissionalismo porque cada vez mais deixa de ser próprio e distinto e passa a ser um pouco igual...


 
Quais as vossas principais influências? Nomes como Dealema ou Sam the Kid fazem parte da lista?
 
Relax: Cada elemento tem as suas influências mas penso que no geral Sam ou Dealema fazem parte da lista.
 
Actuaram no Milhões de Festa. Sentem que isso vos impulsionou? O que esperam daqui em diante?
 
Zulu: Penso que todos os concertos dados em bares, festivais etc, em que Quartel469 participa são impulsionadores. E digo isso porque em cada um deles há sempre alguém de novo que irá ouvir.


Alexandra João Martins
alexandrajoaomartins@gmail.com
30/09/2012