Na altura em que começou a tocar piano, quem eram os seus músicos de referência?
Lembro-me que quando era adolescente admirava imenso os pianistas Errol Garner e Ahmad Jamal. Adorava o disco Mambo Moves Garner [1957], que contava com a participação do grande percussionista Candido Camero. Há cerca de dois anos atrás tive o grande prazer de actuar num concerto em Nova Iorque com o Candido – num grupo liderado pelo Art Davis.
Quando conheci o Archie Shepp ele tinha acabado de deixar o grupo inovador do Cecil Taylor e estava a gravar para a ABC Impulse (Fire Music). Contudo, o primeiro grupo com o qual toquei quando cheguei a Nova Iorque em 1965 foi o quinteto de Marion Brown, que incluÃa Grachan Moncur III, Andrew Cyrille e Bob Cunningham. Aprendi imenso com Archie Shepp, Roswell Rudd, que estudou com Herbie Nichols, e com Grachan Moncur III, que na altura já tinha gravado o disco Some Other Stuff na Blue Note - com Wayne Shorter e Tony Williams.
Os seus primeiros grupos "Untraditional Jazz Improvisational Team" (com Byard Lancaster, Sirone e Bobby Kapp) e "360 Degree Music Experience" (com Grachan Moncur e Beaver Harris) foram importantes no processo de desenvolvimento da sua linguagem pessoal e da comunicação com os outros músicos?
Já participou em inúmeros discos de saxofonistas influentes, como Archie Shepp, Pharoah Sanders e David Murray. Poderá dizer-se que desenvolveu uma relação especial com esse instrumento?
Desde que estudei composição para cinema na Berklee College of Music, vejo com bons olhos as oportunidades de criar música para filmes. Quando compus a banda sonora para o documentário W.E.B. DuBois - A Biography in Four Voices no inÃcio dos anos 90, descobri que desde que a história do jazz se entrelaça com a história afro-americana, o meu trabalho tem uma dimensão mais alargada. Isto tem sido cada vez mais evidente no meu trabalho de composição actual. Como compositor “em residência†no Rosenbach Museum and Library in Philadelphia, onde estive durante quatro anos, sinto que cresço intelectualmente quando trabalho sobre documentos históricos – o meu trabalho mais recente chama-se “The Western Extension of the United States: Oregon Territory†e vai passar na televisão pública.
Como tem sido a experiência no projecto “The Inside Song of Curtis Mayfield†de William Parker?
Como veterano da cena jazz, está a par das novas gerações de músicos? Quem gosta de ouvir?
Dos músicos mais jovens gosto especialmente de ouvir Vijay Iyer, Matthew Shipp e Steve Lehman.
A sua discografia inclui quase uma dezena de gravações a solo. O que podemos esperar do seu concerto a solo na Culturgest Porto?
Novas formas de “swing†e improvisação sobre baladas e blues.
Em Lisboa vai actuar com um grupo de músicos portugueses, o Sei Miguel Edge Quartet. Já conhecia o trabalho destes músicos? Sente-se à vontade a tocar com músicos com quem nunca tocou antes?
Embora esteja honrado e entusiasmado com o convite, não estou muito familiarizado com o seu trabalho. Contudo, o meu trabalho como improvisador já funcionou anteriormente em ocasiões semelhantes - recentemente fui convidado pelo grupo “Sine Loco†de Nicola Pisani e tocámos nos festivais de Cosenza e Molfetta. A experiência da improvisação vai permitir-me interagir com a abordagem de Sei Miguel.
Quais são os seus projectos para os próximos tempos?
Neste momento tenho previstas colaborações com a saxofonista alemã Silke Eberhard e novos trabalhos com David Murray.