ENTREVISTAS
Tim Berne
Banha da cobra
· 06 Set 2016 · 08:19 ·
O saxofonista Tim Berne tem sido uma força viva do jazz nas últimas décadas, não só pela vasta obra como instrumentista, compositor e improvisador, mas também pelo contínuo trabalho ao leme da sua editora, a Screwgun Records. A par de uma sólida carreira como líder, Berne vem trabalhando com grandes nomes, como John Zorn, Julius Hemphill, Nels Cline, Marc Ducret, Michael Formanek ou Drew Gress. Liderando o grupo Snakeoil tem desenvolvido algum do jazz mais criativo dos últimos tempos e com esse grupo editou recentemente, pela reputada editora alemã ECM, três excelentes discos: Snakeoil em 2012, Shadow Man em 2013 e You've Been Watching Me em 2015. Foi com o grupo Snakeoil que actuou recentemente em Lisboa, no festival Jazz em Agosto 2016. A propósito da sua passagem por Portugal, tivemos uma breve conversa com o saxofonista americano. As respostas são telegráficas, mas não há aqui banha da cobra.
O disco Dogon A.D. de Julius Hemphill teve uma importância decisiva no seu percurso como músico. Como é que isso aconteceu?

Um certo dia eu vi esse disco numa loja e gostei da capa!

Tocou no disco de estreia do Hugo Carvalhais, um jovem contrabaixista português, na altura pouco conhecido. Como aceitou o convite para tocar nesse disco?

Fiquei curioso e foi muito bom!



Já gravou para a editora portuguesa Clean Feed. Como surgiu esta ligação?

Eu conheci o Pedro Costa e gostei dele, por isso aceitei trabalhar com ele. Ele tem muita integridade.

Em 1996 fundou a sua própria editora, a Screwgun Records. Porque o decidiu fazer?

Eu queria controlar a minha própria música e na altura tinha tido uma experiência com a editora JMT Records que me desiludiu muito. E foi óptimo trabalhar com o Steve Byram no design das capas dos discos!

Um dos seus projectos mais peculiares é o grupo Buffalo Collision, com Hank Roberts, Ethan Iverson e Dave King. Porque se decidiram juntar? Vão gravar material novo?

Nós somos todos amigos e simplesmente decidimos fazê-lo. Toda a música foi improvisada, o que foi um grande desafio, mas também muito recompensador. Mas não temos tocado juntos há algum tempo.

Tem tocado com o baterista Tom Rainey há muitos anos. Como descreveria a vossa ligação musical?

É como um casamento musical… é tão fácil tocar com o Tom… quando tocamos juntos temos uma certa telepatia.

No mais recente disco do grupo “Snakeoil”, You have been watching me, adicionou o guitarrista Ryan Ferreira ao grupo. Porque o decidiu juntar?

E queria expandir as possibilidades orquestrais do grupo e já conhecia bem o Ryan, já tinha tocado com ele há já algum tempo. E eu adoro guitarristas!



O disco foi produzido pelo David Torn. Porque escolheu trabalhar com ele?

Porque… ele é o maior! Eu adoro tocar e trabalhar com ele. Ele tem um enorme talento e é extremamente engraçado, o que também é importante.

Há planos para um próximo disco do grupo “Snakeoil”?

Já há um disco gravado, sim. Vai ser chamado LOMO.

Além deste grupo, em que outros projectos tem estado envolvido?

Acabei de lançar um livro chamado Spare, que junta desenhos e inclui uma gravação ao vivo do grupo “Snakeoil”, numa edição da Screwgun. Também tenho estado a preparar um trio chamado “Sun of Goldfinger”, com o David Torn e o Ches Smith, que vai gravar e andar em tour no próximo ano.
Nuno Catarino
nunocatarino@gmail.com

Parceiros