ENTREVISTAS
Ora Cogan
A menina subtil que ousa amar
· 13 Mai 2016 · 18:31 ·
Hoje, 13 de Maio do ano da graça de 2016, é o dia em que, qual aparição, a canadiana Ora Cogan regressa a Portugal. Regresso com dois concertos na algibeira. O primeiro já hoje Auditório de Espinho e o segundo, amanhã na Casa Independente em Lisboa. Antes de tudo isso passamos-lhe a palavra. Do novo álbum Shadowland, paraíso do amor que ela diz amar ao background familiar pontuado de referências artísticas, passando pela sua Vancouver natal, onde cresceu enquanto mulher e artista, sem esquecer a preferida e sentida “Ruler of My Heart” que aconteceu acontecer-lhe numa noite de ensaios com a sua banda. Ora atirada ao mundo e dele desfrutando, com uma guitarra e “um par de canções novas na algibeira” e, outro, um pouco mais velho nos lábios chega, agora, ao vosso, nosso, Bodyspace.
© Stasia Garraway
És proveniente de uma família de artistas. De certeza que, de algum modo, eles te influenciaram. Com este background tão particular foi difícil ser uma “rebelde”?

Hmm… Sim, nesse sentido fui uma afortunada. Não me detive a encontrar coisas na sociedade contra as quais me rebelar mas não penso que alguém possa dizer que ser-se mulher no mundo da música é fácil. Estou grata por ter vindo de uma família e comunidade que me apoiavam…mas foi difícil noutros sentidos.

Vancouver tem uma cena musical particularmente activa mas, tu, desde tenra idade, foste capaz de te sentares à mesa com os “leões”. Como é que isto aconteceu?

Vancouver move-se à volta do do it yourself…existem imensas pessoas de mente aberta que estão mais preocupadas em fazer arte e música em colectivo do que se fecharem sobre o particular. É uma comunidade bastante aberta…

© Stasia Garraway

Quais são as tuas maiores fontes de inspiração?

Sinto-me inspirada por paisagens dramáticas…mas, também, por música antiga e anciãos. Passei imenso tempo obcecada por diferentes tipos de géneros musicais mas, ultimamente, tenho-me detido mais na nova dance music e no cancioneiro mediterrânico. Gosto de coisas obscuras e subtis e, adoro, adultos que ainda são sonhadores.

Qual é a tua mensagem, musicalmente falando?

Para este projecto a ideia base contruiu-se à volta da sobrevivência a tempos difíceis com o coração aberto, transformação…metamorfose…Não comecei tendo uma mensagem em mente mas, agora que olho para trás, o tema ronda à volta disso.

Em Shadowland falas de amor. Amor dramático, amor perdido… Será o amor território de sombras?

O amor não é uma coisa fantástica?! Tantas coisas…umm..não tenho a certeza do que é o amor…amor é amor. A determinado ponto, em Shadowland, parece que já não acreditas no amor, como na última canção “Hurts to be Alone”. Faz tudo parte do processo criativo ou, de facto, tu não acreditas nele? As canções “mais difíceis” que escolhi ou escrevi para este álbum são, para mim, acerca da fé profunda no amor e de manter o teu coração aberto mesmo quando as coisas são complicadas…não desistir dele. Amo o amor! Deixa-me triste que tenhas ficado com essa impressão.

Foi difícil reinterpretar “Ruler of my Heart”? Como é que essa canção apareceu no alinhamento de Shadowland?

Soube-me mesmo bem cantar essa canção. Surgiu durante um ensaio com a minha banda e estou, realmente, orgulhosa de como amadureceu! Foi intimidante porque é uma das minhas canções favoritas.

© Serena Shipp

O “Vancouver Sun” descreve a tua música como “algo estranho e surreal”. Daquilo que pude perceber e, por oposição, a tua música parece-me muito racional. Quem está mais perto da verdade? Ou estamos, ambos, enganados?

Gosto de levar a música a diferentes planos…algumas das músicas que escrevo são completamente racionais enquanto outras divergem completamente. Isto é, no entanto, completamente subjectivo porque depende, sempre, da forma como a música te atinge. Penso que existe uma maior subtileza na minha música que podem, facilmente, passar despercebidas mas, isto, é verdade para uma imensidade de música.

Vais estar em Portugal para dois concertos. O que é que a tua mala nos traz, para além do novo Shadowland?

Vou tocar algumas músicas novas e algumas não tão novas também! Estou ansiosa para fazer este concerto atirando-lhe com tudo aquilo que sinta ser o mais correcto. Estou excitada com este regresso a Portugal.
Fernando Gonçalves
f.guimaraesgoncalves@gmail.com
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