ENTREVISTAS
Baoba Stereo Club
O regresso e a hipnose
· 22 Jul 2014 · 17:14 ·
Bruno Gold, Henrique Diaz e Paulo Soares formam, desde 2006, os Baoba Stereo Club, um grupo que tem tido a companhia de Maurício Takara nos últimos tempos e com quem ganhou consistência nas produções. A banda está neste momento numa tour europeia feita para promover o novo EP, Baoba Stereo Club + M. Takara, lançado no início de 2014. Este ano alinham no Milhões de Festa, no dia 25 de Julho (aparte do concerto de M. Takara, que atua a solo uma hora antes), além de atuarem mais três vezes no nosso país (os já passados concertos a 19 de Julho em Lisboa e a 21 em Coimbra, e hoje em Vila Real, antes do Milhões), e prometem elevar a fasquia em relação à passagem por Portugal em 2013. A paixão pelo nosso país e a aproximação da música lusa e brasileira é algo que é intrínseco à banda, que revela ainda que o novo material já está na forja, e poderá inclusivamente ser ouvido durante a digressão europeia deste verão, que até pode voltar a Portugal para um concerto extra no fim de Agosto.
O último trabalho dos Baoba Stereo Club foi feito em parceria com M. Takara, que vai atuar no Milhões de Festa um pouco antes de vocês. Será que vamos ver uma aparição surpresa num ou noutro concerto?

Henrique Diaz: A gente colabora bastante em nossos projetos à parte do Baoba Stereo Club e M.Takara solo, um exemplo disso é o Puro Osso, trio do Mauricio que tem o Paulo dos Baoba como baterista. Mas no Milhões de Festa vamos fazer a mesma formação que fizemos o ano passado: quarteto e o show do Mauricio solo. O que podemos garantir é que, se o formato é o mesmo, as musicas não. Vamos fazer músicas novas.

O que trazem de novo ao continente europeu, depois do ano passado também por cá terem andado?

Henrique Diaz: Tocar, levar nossa música pra onde quer que seja, sempre é especial. Somos apaixonados por Portugal, é um lugar cativo na nossa agenda e planos anuais. Voltar pra cá é quase uma necessidade. Estamos trazendo algumas músicas novas, que devem fazer parte do futuro trabalho e rearranjamos algumas outras que são parte do álbum em trio.

O Milhões de Festa é a última de três paragens por Portugal este ano. Estão a planear despedir-se em grande dos portugueses?

Henrique Diaz: Na verdade, são quatro shows e mais um na Galiza, antes de partirmos para a Polónia. Queremos nos despedir em grande estilo, mas dizer só um até loguinho...já voltamos.

Bruno Gold: Portugal acabou se tornando a nossa casa na Europa, foi nossa base no ano passado durante as sessões que tivemos em Gales, Escócia e Inglaterra, e novamente estaremos um bom tempo em Lisboa entre as indas e vindas pra Polónia, Croácia e Eslovénia. Quem sabe façamos um último show antes de voltar ao Brasil, na segunda semana de Agosto.



Qual é a impressão que têm do público português?

Henrique Diaz: É um público quente, incrível. A gente se sente muito em casa...temos muito da cultura e personalidade portuguesa. E o lance do idioma, para nós que vivemos viajando, é sensacional, nos une ainda mais.

Bruno Gold: A impressão que eu tenho é que quanto mais você se afasta de casa, o idioma se torna sua pátria, é a cultura que você acaba por carregar. Nos identificamos bastante com Portugal tanto por esse tema, quanto pela receptividade que temos dos portugueses e, claro, da ótima culinária! São pontos muito positivos e sempre nos animamos a voltar pra cá.

Podemos esperar material novo a ser apresentado durante esta tour europeia?

Henrique Diaz: Sim! Bastante coisa!

Bruno Gold: Vamos tocar algumas músicas do próximo disco, só escuta quem vier!

A vossa música retira influências de muitos géneros, desde o jazz à electrónica, passando pelas batidas africanas e pelas baladas latinas. Acham que essa variedade musical vai ajudar-vos na tour europeia?

Henrique Diaz: O Brasil é um país culturalmente esquizofrénico, muito misturado. Nossas raízes e essências são dessa natureza, basta olhar pra nós quatro: temos japonês, espanhol, português, costa marfinense, alemão, tudo isso como parte da nossa origem familiar, nosso DNA.

Bruno Gold: O Brasil é muito rico culturalmente e a música do país acabou por correr o mundo e se tornar bastante famosa e reconhecida, o que é bom, mas nosso papel é apresentar um outro sotaque para isso que já está consagrado. Somos de São Paulo, a cidade cosmopolita do país, e acabamos por misturar nossos gostos e origens pessoais com essas diversas vivências e influências. Boa parte dos nossos ouvintes vem de estilos musicais diferentes e já fizemos concertos em festivais, parques abertos, casas de show, e a receptividade é sempre muito calorosa, seja de pessoas mais ligadas ao rock, jazz, música erudita, ou como for. Tentamos criar nossa própria linguagem dialogando com diversas origens e sempre contamos com isso de um jeito positivo durante os shows.



A música brasileira e portuguesa estão mais próximas do que nunca?

Henrique Diaz: Acredito que estão se aproximando, mas precisamos fazer mais e mais. Estive com alguns artistas portugueses em São Paulo nos últimos meses, como por exemplo o Gabriel Ferrandini, mas acho que ainda falta fazer mais ainda esse intercâmbio. A música só tem a ganhar.

No vosso blog, anunciam a gravação de material, novamente em parceria com M. Takara. Quando é que esse terceiro trabalho vê a luz do dia?

Henrique Diaz: Já temos músicas novas, agora falta só agendar e gravar. Acho que no começo de 2015 o disco é lançado.

Bruno Gold: Pois é, ainda estamos fechando nosso cronograma, mas logo haverá um novo disco.

Há alguma coisa que possam dizer sobre a orientação desse trabalho? O material vem mais na linha dos anteriores, ou vão tentar alguma coisa diferente desta vez?

Henrique Diaz: Está mais hipnótico.

Bruno Gold: É, temos nosso estilo de fazer as coisas, mas ficar repetindo o que já foi feito está fora dos planos, buscamos sempre outros pontos de vista e sonoridade ao lançar novos trabalhos.
Simão Freitas
spfreitas25@gmail.com

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