ENTREVISTAS
Killimanjaro
Monte dos Vendavais
· 19 Jul 2012 · 12:42 ·
Os Killimanjaro chegaram, viram, venceram um concurso e agora estão no Milhões de Festa. Só existem há coisa de ano e pouco. Uau? Sim: ouvimos as malhas do EP de estreia e concordamos que estes meninos merecem coisas. Rock do melhor tipo que Barcelos exporta - sem merdas -, riffs para ir até ao cimo da montanha e electrificar tudo à sua volta, canções para serem ouvidas e, acima de tudo, para andar à porrada enquanto são ouvidas. Num concerto, bem entendido. Concerto esse que ocorrerá neste fim-se-semana, na casa-mãe, a cidade onde agora tudo se passa e quem não lá estiver pura e simplesmente não é fixe. Os Killimanjaro responderam às perguntas do Bodyspace, o que é simpático, porque podiam simplesmente ter-nos mandado à merda. Era muito mais rock.
Vou fazer uma piada estúpida: tocar no Milhões é como chegar ao cume do Kilimanjaro?

Diogo Lopes: Diria mais que de Barcelos até ao cume do Killimanjaro são Milhões de quilómetros.

Vocês juntaram-se em Abril do ano passado. Quão inspirados foram pela vitalidade e popularidade da cena de Barcelos, neste momento, para formarem uma banda vocês mesmos?

Diogo Lopes: Fomos bastante influenciados por uma cidade que respira música. Em Barcelos quase toda a gente tem uma banda. Quem não a tem, conhece alguém que pertence a uma. À parte isso, acompanhamos o processo evolutivo de bandas como os Black Bombaim, que neste momento “sugam” o underground português. Antes deles, os Green Machine e os Rendimento Mínimo também deixaram a sua marca na cena. Queríamos rockar como eles mas com o nosso toque pessoal.


Expliquem-me o processo por detrás do vosso EP (Uncle Pope): estava planeado há muito, ou surgiu simplesmente uma janela de oportunidade para entrarem num estúdio e decidiram então gravá-lo? Quanto tempo demorou o processo e onde foi gravado?

Diogo Lopes: Quando começámos a dar concertos, já com um considerável número de músicas, surgiu a necessidade de gravarmos como forma de promovermos o nosso trabalho. O principal obstáculo foi o guito. Contudo, tivemos a felicidade de vencer um concurso - Rock In Riba -, que nos permitiu juntar uns trocos e lançar o EP homónimo. Gravámos em Santo Tirso , na Ipsilon Studios, em tempo recorde. Na madrugada de sexta-feira gravámos a parte instrumental. No Domingo à tarde, tivemos de faltar à matiné da disco night Vaticano para gravarmos as vozes. Nesse dia trouxemos as músicas prontas a serem lançadas.

Acham que o facto de ter saído por uma netlabel vos beneficiou de uma forma que não seria possível se tivesse saído por uma editora normal, i.e. que por via do download gratuito houve mais gente a ouvir que não o faria de outra forma?

Joni Dores: O apoio da BOTR e sobretudo do Ilídio (Rock Rola em Barcelos) foi algo que nos ajudou muito a iniciar e divulgar o projecto. Foi um "pontapé nas costas" quando tocámos no Bar do Xano, em Barcelos, na apresentação do EP. É perguntar a quem lá esteve.

Lançar discos de forma gratuita é o vosso plano de acção em diante ou este é só um primeiro passo, e a BOTR age apenas como uma intermediária para poderem editar discos por editoras "tradicionais"?

Joni Dores: A cena de lançar na net, à borla, é fixe porque é assim que o pessoal anda com as músicas e é uma mais valia para aparecer em blogues internacionais e assim, como aconteceu. É uma forma de chegar a mais gente. A edição física era vendida por 3€ e foram 200 discos em 2 meses, por isso digamos que dá jeito o pessoal poder sacar, já que não compra mais. O nome BOTR pode, sim, ser uma ajuda para chegarmos às ditas editoras 'tradicionais'.

O blog Independanças escreveu, aquando do lançamento do vídeo para a "Prayer", que vocês eram uma "estalada bem dada". O vosso propósito enquanto banda é esse, bater nas pessoas (de forma metafórica ou, quem sabe, literal)?

Joni Dores: O nosso propósito é que venham ao concerto de Killimanjaro e se levarem uma "chapada" não se queixem, faz parte!

Qual foi a sensação de vencer o Rockastrus 2012? Sendo que faz um ano que se juntaram, pensaram nisso mais como uma boa surpresa ou como um prémio pelo trabalho que têm feito?

José Gomes: Vencer o Rockastrus foi uma boa surpresa e uma gratificação para nós, sobretudo tendo em conta a história que aquele concurso tem, e as bandas daqui de Barcelos que já lá passaram.


O que reserva o futuro para os Killimanjaro? Depois de um crescimento tão súbito, que têm já em mente?

José Gomes: Queremos é tocar mais e mais, como as bandas ditas 'a sério'. Mas precisamos de tempo, para compor e preparar material novo. As músicas do EP soam-nos demasiado àquela pica de começar, mas agora o rumo que estamos a tomar é para uma cena mais madura.

Dadas todas as razões extra-musicais, que podemos esperar do concerto no Milhões?

José Gomes: Podem esperar muito calor, sol e mais calor. E comidas vegetarianas, pelo que ouvi dizer.
Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com

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