ENTREVISTAS
Spain
O regresso do azul
· 12 Mai 2012 · 13:57 ·
© Dave Naz
Nos últimos anos os Spain protagonizaram um dos regressos ao activo mais inesperados de que há memória. Os autores de The Blue Moods Of Spain (2005), liderados por Josh Haden (filho do também músico Charlie Haden), voltaram às canções, voltaram aos discos, voltaram aos palcos e no entanto para eles foi como se tudo não tivesse parado nunca no tempo. Sobretudo porque, já diz o ditado, quem sabe nunca esquece. A propósito dos concertos que darão em Portugal no dia 18 de Maio no Lux (na noite Black Balloon #5), em Lisboa, e no Hard Club (Porto), no dia seguinte, e a propósito de tantos outros tópicos urgentes, quisemos tomar o pulso a Josh Haden que, sem romantismos nem fantasias, nos contou o regresso dos Spain tal como aconteceu na realidade. The Soul of Spain é só o primeiro capítulo desta segunda parte da aventura: os Spian encontraram mesmo uma segunda vida.
Como é que foi, digamos, começar os Spain de novo do zero, depois de uma longa ausência?

Na verdade não começamos do zero… Dois dos rapazes, o Matt Mayhall (bateria) e o Randy Kirk (guitarra e teclas) estão comigo desde 2004 quando lancei o meu álbum a solo. Foi um pouco mais difícil encontrar o nosso guitarrista, o Daniel Brummel, mas quando o conseguimos encontrar começamos a gravar o novo disco quase imediatamente…

Como foi chegar ao som deste The Soul Of Spain? foi algo natural para vocês voltar de novo ao estúdio?

Fomos para estúdio com uma data de canções diferentes, algumas das quais tinha escrito no início dos anos que nunca tiveram uma gravação propriamente dita, e algumas novas canções. Gravamos todas essas canções e escolhemos aquelas que soavam melhor. A “Only One”, “Miracle Man” e “I Love You” são dos anos 90, enquanto que o resto são composições mais recentes.

Demoraram dois anos a gravar este novo disco, The Soul of Spain. sentiram de alguma forma a pressão de regressar com um disco novo mais de dez anos depois do último lançamento?

A quantidade de tempo que levamos a gravar o disco teve mais a ver com questões de orçamento e de logística de juntar toda a gente do que ser cuidado com a escolha das canções ou sentir a pressão de gravar um bom disco. Como dizes, era o nosso primeiro álbum em dez anos e eu queria fazer algumas coisas diferentes, explorar o ritmo e as texturas, e eu senti de certa forma que o facto de ter passado tanto tempo era uma espécie de licença para fazer isso.

© Dave Naz

“I’m still free” foi a primeira canção desta nova era dos Spain. É uma canção especial para a banda?

“I’m Still Free” é uma canção sobre uma certa definição de liberdade que foi co-adoptada nos Estados Unidos da América. Foi especial no sentido em que foi provavelmente a primeira canção que escrevi para os Spain que poderia ser classificada de “política”. Também pode ser lida como reflexo do facto de após todos estes anos os Spain reterem ainda alguma imagem de independência em termos comerciais.

Ao longo destes anos todos, existe sempre uma mulher na capa dos discos de Spain. Presumo que não seja apenas uma coincidência. As mulheres são mesmo o vosso tema lírico e de significado?

A Mulher é um tema lírico e icónico nos discos dos Spain, e acho sinceramente que isso funciona tanto pela música como pelas palavras neste caso. Não é definitivamente uma coincidência.

Gostariam de associar a música dos Spain ao cinema e a outros territórios artísticos como fizeram frequentemente nos anos 90? É excitante para vocês fazer música ou ver música dos Spain fundida com outras linguagens?

A música dos Spain foi sempre utilizada em muitos programas de televisão e filmes, eu adorava que isso pudesse continuar a acontecer.

© Dave Naz

Voltando ainda mais ao passado, ao momento em que tudo começou, esperavam o sucesso do disco The Blue Moods Of Spain? O que é que se lembram desses dias em que tudo se iniciou?

Nos anos 90 eu não estava à espera de ter sucesso. Eu não fazia a mínima ideia do que poderia acontecer. Antes do The Blue Moods Of Spain ter saído, começamos a receber propostas de grandes editoras, e começou a ser possível ter digressões, e isso foi bastante gratificante para mim.

Parece que o mundo era um lugar completamente diferente para viver em 1995, quando os Spain começaram enquanto banda. Qual é a sensação de fazer parte dos Spain em 2012?

Na verdade, não me sinto diferente de modo algum. Sinto que é Maio de 2001, o I Believe está prestes a ser editado e eu estou a preparar-me para andar em digressão pela Europa.

© Dave Naz

O que é que Espanha, que dá nome à vossa banda, tem em comum com Los Angeles, o berço dos Spain?

Acho que o que tem mais em comum é a paisagem, assim como o clima, falando de uma forma geral.

Apontado baterias para o futuro, conseguem ver mais discos no horizonte dos Spain? Esta é uma espécie de segunda vida para a banda?

Sim, eu quero começar a gravar o nosso novo álbum assim que possível. Esta é definitivamente uma segunda vida para os Spain.
André Gomes
andregomes@bodyspace.net

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