ENTREVISTAS
Sun Glitters
O sol do Luxemburgo
· 09 Jun 2011 · 01:29 ·
Victor Ferreira é um luso-descendente que vive no Luxemburgo. Depois de várias experiências musicais em realidades bem distintas (ele já por aqui anda há 15 anos), assumiu a pele de Sun Glitters (projecto com o qual tem vindo a atrair muita atenção nos últimos tempos) e é com esta que se estreia em território nacional na próxima sexta-feira no Festival NÁICE! #03, para orgulho do próprio. Quisemos saber mais acerca de Victor Ferreira, de Sun Glitters, do Luxemburgo e por isso não perdemos tempo: tratamos hoje mesmo de tirar todas as dúvidas a limpo para que esta entrevista possa, quase em tempo real, mostrar como se construiu este projecto e para onde é que ele quer ir. Victor Ferreira pediu desculpa pelo português e disse-nos tudo o que decidiu tornar público acerca de Sun Glitters. Para ler enquanto se descobre a sua música nos bandcamps e soundclouds deste mundo. Abençoada modernidade.
Antes de mais: como e quando é que começaste a fazer música?

Já faço música há quinze anos e toquei em bandas de rock alternativo como baixista. O interesse pela música electrónica chegou em 2000. Sempre gostei de música, já quando era muito jovem fazia de DJ em festas organizadas entre amigos...

Quando é que surgiu a música electrónica na tua vida?

Comecei a descobrir nomes como DJ Shadow, Portishead, Third Eye Foundation e Boards of Canada entre muitas outros, que me deram a vontade de descobrir mais esse universo! E foi assim que comprei uma Groovebox 505 e comecei a programar os meus primeiros ritmos e melodias.

Como é que descreverias o teu percurso até chegares até Sun Glitters?

Como uma grande aventura musical…

Citas como influência nomes como os Boards of Canada, Burial, Balam Acab, projectos que percorrem pelo menos uma década e uma ampla diversidade da música electrónica. Pretendes de certa forma estabelecer um elo entre todas essas linguagens?

Penso que sim. Hoje em dia é muito difícil inventar qualquer coisa de novo! Sobretudo alguém como eu que escuta música de manhã à noite, é claro que as influências se fazem ouvir nos meus temas. Do outro lado se fazes música com amor consegues sempre fazer algo de novo e de diferente de maneira a teres a tua própria identidade.


Parece-me haver no teu trabalho uma certa predilecção por aquilo que se decidiu chamar de chillwave. Estou certo? O que é que destacas desse, chamemos-lhe, movimento?

Sim, tem um pouco... Mas a minha sorte foi o facto de o misturar com as minhas influências anteriores que têm muito a ver com a dreampop e o shoegazing, porque havia nesse momento uma multidão de artistas a sair nesse género e as pessoas estavam a ficar um pouco saturadas, penso eu...

Que recepção tens sentido do teu trabalho enquanto Sun Glitters?

A recepção é enorme e todos os dias continua a crescer. Espero poder continuar assim e não desiludir os meus ouvintes/fãs ao longo do meu percurso. É essa a parte mais crucial na música, a de saber manter um certo equilíbrio e dar sempre a mesma satisfação aos ouvintes. A concorrência é grande, embora eu não goste de definir assim as coisas.

O Luxemburgo é um local inspirador para se fazer música? De que forma?

Penso que sim. Como eu nasci no Luxemburgo e como a minha inspiração vem muito do meu dia-a-dia pode se tornar como um local inspirador. Mas tudo depende também da pessoa e da cultura que ela segue! O Luxemburgo é um pais muito estranho e misterioso... É um pais que mundialmente sempre foi visto/definido como um banco e então nunca ninguém conseguiu imaginar que aqui também se poderia ouvir boas coisas.

Como é ser português ou luso-descendente num país como o Luxemburgo? Tem mudado ao longo dos anos a forma como os luxemburgueses olham para os portugueses?

É um caso muito delicado que eu próprio não gosto muito de comentar. Para mim sempre foi mais fácil porque eu aqui nasci... Mas isto tem muito a ver com o que se está a passar no mundo inteiro a nível das crises, etc... Porque a nível da música nunca tive problemas alias sempre fui muito respeitado!

Acompanhas a música que é feita em Portugal neste momento. O que é que destacarias daquilo que conheces?

Pouco a pouco estou a descobrir artistas muito interessantes! Tenho estado muito em contacto com os apercutz a quem agradeço muito! Eles foram os primeiros a introduzir-me em Portugal. Mas daquilo que eu conheço ou ouço ainda não há muita coisa... Mas penso que aos bocados irei descobrir cada vez mais. Se calhar me podes dar alguns nomes?


É uma hipótese. Já agora, há alguma coisa a ser feita no Luxemburgo musicalmente que possas recomendar?

Há mais a nível de rock que electrónica! Alguns desses nomes encontram-se no meu álbum de remisturas que saiu na Ufolk Records. Mas para citar então alguns nomes: Blue Dressed Man, In circles, Cyclorama, Babyoil, Loud Was The Sea, Loose Body Parts, Fracture...

És luso-descendente, nascido e criado no Luxemburgo. Esta será a primeira vez que tocas em Portugal. O que é que esperas desta noite e o que é que achas que as pessoas podem esperar do teu concerto?

Estou muito contente como luso-descendente de finalmente poder tocar em Portugal. E espero simplesmente passar um bom momento e dar uma grande satisfação as pessoas que la irão estar presentes. Queria agradecer pelo interesse ao meu projecto e a todo o apoio que me estão a dar.
André Gomes
andregomes@bodyspace.net
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