ENTREVISTAS
Psychic Ills
Violência Psíquica
· 24 Set 2007 · 08:00 ·
Numa altura em que já se encontram arruinados praticamente todos os hypes dados como herdeiros naturais dos Jesus & Mary Chain, surpreende que os Psychic Ills tenham acumulado em apenas três anos de activo subsistência suficiente para os garantir como sério caso autónomo do shoegaze mais inconformado. Sem terem inventado a roda, os Psychic Ills obtiveram para sua usufruição as medidas certas de um rock elevado, que geralmente se lança de uma plataforma riff sobre espirais de reverb narcótico e todo um caudal sónico que faz deste exercício um trapézio sem rede. As mais graciosas e fatais quedas e colisões encontram-se já documentadas na compilação Early Violence e no fabuloso único álbum até à data, Dins (que, ao lado dos trabalhos dos Gang Gang Dance, muito tem insuflado o nome da label Social Registry). Esta semana, as cidades do Porto e Lisboa conhecem a privilegiada oportunidade de poderem avaliar esta distinta exportação de Brooklyn no seu contexto eminentemente ideal: quarta-feira, dia 26 de Setembro, no Passos Manuel, tendo como aquecimento a barafunda matrimonial tirsense dos Tropa Macaca, e na quinta-feira, 27, com o encetamento de hostes encarregue ao desamoroso duelo de cabeçada que quase sempre faz verter sangue aos CAVEIRA. Em curta entrevista ao Bodyspace, Tres Warren e a baixista Elizabeth Hart falaram acerca dos seus dias psíquicos.
Têm trabalhado em algo de novo ultimamente? Actualizem-me quanto à vossa situação.

Tres Warren: Sim, temos um monte de material gravado que necessita apenas de alguns acabamentos, em termos de mistura, para ser incluído num 12 polegadas / EP. E planeamos também vir a gravar o nosso próximo disco em Outubro quando regressarmos da Europa.

O que me parece excelente acerca do Early Violence é o facto de ser uma compilação e, mesmo assim, soar altamente coesa e não apenas um aglomerado de sobras. A coesão foi um factor a ter em conta quando decidiram elaborar uma compilação numa fase tão madrugadora da carreira?

TW: Nada foi muito pensado – decidimos colocar em CD um monte de coisas que vinham a ser requisitados por pessoas que as pretendiam, mas não as encontravam disponíveis em lugar algum.

Existiam outras faixas dos primeiros tempos de carreira que não se enquadravam em Early Violence e foram, por isso, excluídas?

Elizabert Hart: Não, apenas jams inacabadas.

Existe alguma outra versão de “Diamond City” além da incluída no Early Violence?

TW: O Sonic Boom (dos Spacemen 3) fez uma remistura algo minimalista do tema, adicionando um teclado SK1. Eu elaborei uma versão em homenagem ao DJ Screw, em que reduzi a velocidade a dois 12 polegadas e cortei um pouco a batida. É a faixa que não se encontra listada em Early Violence.

Presumo que tenha sido uma imensa honra ver “Diamond City” ser remisturada por Sonic Boom. Quais foram as primeiras reacções da banda ao resultado?

TW: Sim, gostamos do que faz. A ideia foi do Rich e achámos que seria porreiro.

Questiono-me se a duração mais curta de algumas faixas de Dins geralmente representa um impedimento à adição de vozes. Sentem às vezes que uma faixa deve ser mais extensa para poder incluir vozes? Alguma vez tentaram combinar vozes e faixas mais curtas?

TW: Nunca traçamos um plano – estas músicas aconteceram sempre espontaneamente.



O videoclip de “Another Day, Another Night” lembra-me um pouco a estética usada por David Cronenberg no Videodrome. Que outro trabalho artístico do Theo Angell (habitual integrante dos Jackie-O Motherfucker e actuante a solo) vos incentivou a convidá-lo para trabalhar no videoclip? Como se sucedeu isso?

EH: Ele queria fazê-lo, e isso levou-nos até ao seu apartamento, onde nos mostrou algumas coisas que andava a desenvolver e que nos agradaram muito.

Em que aspectos encontras melhorias na actividade da Social Registry após estes primeiros três anos? Sentiste um grande desenvolvimento?

EH: Sim, as coisas descolaram em grande, mas, na verdade, ainda se verifica um sentimento completamente familiar.

Têm algum sete polegadas favorito da série The Social Club mantida pela Social Registry? Eram capazes de o comentar?

EH: O dos Messages é o meu favorito. É brutal quando o beat estala na “Glades”.

Encontram-se entusiasmados com o facto de irem tocar no festival ZXZW (na Holanda)? Alguma coisa que queiram especialmente ver?

EH & TW: Trad Gras Och Stenar.

E ainda no que respeita à digressão, encontram-se empolgados com a visita a Portugal nos próximos dias 26 (Passos Manuel, no Porto) e 27 de Setembro (Galeria Zé dos Bois, em Lisboa)?

EH: Sim, andamos desesperados por ir até aí desde sempre!
Miguel Arsénio
migarsenio@yahoo.com
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