ENTREVISTAS
Noxagt
O Peso dos Fiordes
· 29 Out 2006 · 07:00 ·
Vêm da Escandinávia, da Noruega, são três e apresentam-se como Noxagt.
Criados em 1999, como o projecto de apenas um homem, Kjetil Brandsdal, expandem-se, três anos depois, num trio. Em 2006, editam o terceiro, e homónimo registo, novamente pela Load Records, casa de Lightning Bolt e Sightings. Com a entrada de Anders Hana, companheiro de Bransdal nos jazz-noisers Ultralyd, ganham ainda mais força e coesão. É com esta formação, que se estreiam em Portugal já no próximo dia 31 de Outubro na Galeria Zé dos Bois, em Lisboa, e no dia seguinte, no bar O Meu Mercedes É Maior Que O Teu, no Porto. A não perder, o rock cuspido segundo Noxagt.
Nils Erga, responsável pela viola de arco, deixou a banda depois de ter gravado dois álbuns. Em seu lugar, entrou Anders Hana, também Moha, Ultralyd e Ingebrigt Håker Flaten Quintet. O que mudou musicalmente?

A nossa música tornou-se mais pesada, solta e sólida.

Como se processa a dinâmica entre os diferentes músicos dos Noxagt? Como interagem no processo musical?

A maior parte das canções começa com um riff ou uma batida. Depois, cada membro constrói a sua parte. É muito raro, não sei se alguma vez aconteceu, as músicas desenvolverem-se a partir de ensaios. Todos contribuímos no processo de composição.

Tenho visto os Noxagt serem associados a nomes como Zu, Burzum, Sonny Sharrock, Black Sabbath ou Kyuss. Identificam-se com estas bandas? É também comum serem metidos no saco do metal. Não poderemos considerar Noxagt uma banda de rock?

Burzum?! A sério?... Bem, suponho que algumas dessas comparações façam sentido, contudo nunca quis saber dos Kyuss. Prefiro de longe, que sejamos associados ao metal do que à cena noise. Na minha opinião somos uma banda rock.

Como é viver e fazer música na Noruega? Que influência teve crescer nesse país?

O normal… Não existe nenhuma “cena” na Noruega, sobretudo na Costa Este. Acho que isso nos dá ainda mais pica para tentar... Agora, sentir na nossa música a presença de montanhas e de fiords, é uma outra questão...

Nas vossas composições, parece-me que a repetição de riffs permite que explorem, em detalhe, texturas e melodias. Até que ponto isto é importante para vocês?

A repetição sempre foi importante para nós. Procuramos espremer o riff.

Todos os elementos dos Noxagt desenvolvem outros projectos musicais (MoHa, Ultralyd, Ingebrigt Håker Flaten Quintet e Hellfire). Que importância atribuem a estas actividades? O que trouxeram para a música dos Noxagt?

Julgo que nos ajuda a manter frescos. Também pode trazer-nos novas ideias e elementos musicais.


Partilham, com os Moha! o gosto pelo analógico? Como gravaram o disco?

O álbum foi gravado num estúdio analógico de 24 pistas, onde também registamos a nossa estreia discográfica. Preferimos gravar em analógico, mas o mais hi-fi possível. Contudo, o lo-fi pode trazer outro tipo de vantagens.

O terceiro e último disco, Noxagt, foi novamente editado pela Load Records. Nos últimos anos, colegas de editora como Lightning Bolt e Sightings têm obtido uma grande atenção por parte de alguns media. Sentem que o público mudou? Quais são as reacções ao vivo?

Acho que o nosso público se tornou mais abrangente. O mesmo sucede com as reacções.

Visitei a página de Noxagt no Myspace.com e, para além da Yoko Ono, têm bastantes amigas em trajes menores. A imagem da capa do vosso último álbum também é bastante sugestiva [uma rapariga a envergar umas cuecas com o logo da banda]. Pretendem transmitir uma imagem típica da masculinidade ou procuram alguma ironia?

Gostamos de raparigas e nunca somos irónicos.

O que podemos esperar dos Noxagt a curto prazo?

Iremos gravar novas músicas - durante a tour, esperemos - e planeamos editar um EP no início do próximo ano.
Sérgio Hydalgo
sergiohydalgo@gmail.com
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