DISCOS
Lali Puna
Scary World Theory
· 19 Out 2002 · 08:00 ·
Lali Puna
Scary World Theory
2001
Morr Music


Sítios oficiais:
- Lali Puna
- Morr Music
Lali Puna
Scary World Theory
2001
Morr Music


Sítios oficiais:
- Lali Puna
- Morr Music
A Alemanha, como outros países da Europa (alô Portugal!!!), tem sido um interessante pólo de mostra de alguma da mais interessante música feita recentemente. Já no passado os Kraftwerk tinham deixado a sua marca, e provavelmente nenhuma outra banda alemã teve tanta importância no desenrolar dos acontecimentos musicais. Mas recentemente nomes como os de Jazzanova, Notwist ou Gonzales têm mostrado uma Alemanha sempre capaz de se reinventar e recriar. É a pretexto dessa Alemanha de invenção electrónica que surge aqui um dos nomes mais interessantes dessa vaga, os Lali Puna.

Os Lali Puna, que giram em torno da vocalista Valerie Trebeljahr e do Notwist multi-instrumentista Markus Acher, lançaram o EP “Snooze” um pouco antes da formação do álbum de estreia “Tridecoder”. É por essa altura que a formação é alargada e nasce de facto o nome Lali Puna. A cantora Valerie Trebeljahr já havia feito parte do projecto LB Page, que acabou em finais de 1998. Colin Greenwood (dos Radiohead) dá uma ajuda à banda para promoção, Andrew Weatherall aplaude igualmente o disco e um pequeno foco de atenções cai imediatamente sobre os Lali Puna. Estavam criadas mais as condições para a banda vingar, com plena justiça e mérito.

O disco mostra um rara capacidade de invenção de ambiências electrónicas, mas parece ser sobretudo um espaço onde a canção merece maior relevo e importância. Apesar das electrónicas predominarem, com as suas batidas aleatórias descoordenadas e ruídos estranhos, o formato da canção não deixa de parecer em formato “clássico”. Com referências de 80 (Sonic Youth, New Order, etc), o disco recolheu diversas pistas em “Vespertine” de Björk, em “This Is...” de Stina Nordenstam ou no álbum “Pause” do projecto Four Tet. A voz é doce e agradável (ou cantada, ou falada, ou sussurrada), as batidas acompanham-na bem, qualquer instrumento tem a mesma importância do que o que é cantado. As dez canções que compõem o disco são recheadas de uma sensibilidade e bom gosto assinalável. O português é usado numa canção “Contratempo” (a vocalista viveu dez anos em Portugal) e é mais um excelente momento de um disco que nunca nos para de surpreender.

Apesar de não conseguir manter o nível de excelência do princípio ao fim, “Scary World Theory” dá aos Lali Puna uma categoria na música que certamente fará com que todos esperem os seus próximos discos com atenções redobradas.
Tiago Gonçalves
tgoncalves@bodyspace.net
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