DISCOS
Keith Fullerton Whitman
Track 4 (twowaysuperimposed)
· 14 Fev 2007 · 08:00 ·
Keith Fullerton Whitman
Track 4 (twowaysuperimposed)
2006
Room 40


Sítios oficiais:
- Keith Fullerton Whitman
- Room 40
Keith Fullerton Whitman
Track 4 (twowaysuperimposed)
2006
Room 40


Sítios oficiais:
- Keith Fullerton Whitman
- Room 40
Nem que seja para equilibrar o ajuste de contas entre Lisbon e o relativo desprezo que o afectou, descreve-se o impacto simétrico de recente lançamento deste Senhor do laptop.
Por não ter obtido suficiente bruá ou porque, por cá, poucos arriscaram desvendar o seu âmago enigmático, Lisbon, disco gravado a partir de uma prestação de Keith Fullerton Whitman na Galeria Zé dos Bois, passou relativamente despercebido à rede de um 2006 abrangentemente sumarizado nos balanços de fim de ano (talvez por reportar a uma ocasião verificada em Outubro de 2005). Houve quem comparasse a peça incluída em Lisboa a um momento sexual – acumulando preliminares em espiral drone e decrescendo após o clímax -, mas o consenso relativamente a Lisbon é de que o norte-americano Whitman domina a delicada ciência de manter cativa a atenção pelos detalhes em elegante rodopio solto, sem que um sentido primário mais vigilante perca a meada ao fio condutor de um tom mais horizontal.

Elaborada de um modo estruturalmente semelhante ao de “track3a (2waynice)”, ponto de partida de um Playthroughs que é pura prova de vigor criativo, esta “Track 4 (twowaysuperimposed)” funciona de um modo semelhante ao da primeira: adopta uma linearidade de funcionalidade simétrica (o próprio KFW aconselha a que seja escutada totalmente invertida) e permite-se a todo o tipo de florescentes efervescências internas a partir daí. Efervescências que abusam dos atributos sísmicos dos (sub)graves (mão meiga sobre o treble do sub-woofer), povoam com variável agitação diversas vagas tonais e sine waves imperturbáveis e que, consequentemente, vão sendo reveladas em paralaxe conforme o ponto de onde for observado o seu epicentro mais radiante (algures entre o minuto 9 e 10).

Sem constituir ponto de partida ideal para a obra de KTW, “Track4(twowaysuperimposed)” pode ter na sua compacta auto-suficiência uma mais-valia de que não se gabarão todos os objectos do género. Ainda não é tarde para reconsiderar a relação a manter com as barbas mais cativantes da electrónica além Atlântico.
Miguel Arsénio
migarsenio@yahoo.com
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