DISCOS
Orla Wren
Butterfly Wings Make
· 25 Jan 2007 · 08:00 ·
Orla Wren
Butterfly Wings Make
2006
Expanding Records / Matéria Prima


Sítios oficiais:
- Expanding Records
- Matéria Prima
Orla Wren
Butterfly Wings Make
2006
Expanding Records / Matéria Prima


Sítios oficiais:
- Expanding Records
- Matéria Prima
Perfeito desconhecido britânico transpõe para disco electro-acústico descobertas proporcionadas por romarias naturalistas.
Butterfly Wings Make é um disco fundamentado por um estado de lucidez A.M.. Obsessivamente debruçado sobre o secretismo das horas madrugadoras denunciadas pelo AM de um relógio LCD e esteticamente fixado no estalar imperceptível que emite a electrónica ao despertar com o contacto do orvalho. A electrónica, enquanto botânica em ponto de miniatura, regada por um elegante piano que, entretanto, também se deixa emergir pelo orvalho - naturalmente formado por mais espessos tons propositadamente prolongados.

A.M. porque, como a banda hertziana do mesmo nome, desbrava várias interferências glitch até encontrar porto seguro em pontos onde é imprevisivelmente fértil a melodia (“Myself and Movement” torna-a infinita). A dicotomia atribuída à sigla A.M. abre também caminho para outros códigos que Orla Wren manipula com impressionante flexibilidade: passa a ser suavizada pelo citado piano soporífero todo o conjunto de metais (aqui digitalmente simulados) que conferiam à Orquestra Geinoh Yamashirogumi a má fama apocalíptica de que goza pela responsabilidade da banda-sonora de Akira.

O início é o fim. Butterfly Wings Make é obra de um ermita oriundo do norte de Inglaterra que percorre descomprometidamente a Escócia enquanto arrecada sons a incluir na sua música e vende as suas fotografias da natureza ampliada em regime Macro (tal como a que serve de capa ao seu terceiro disco). Projectado num regredir naturalista – que reaviva memórias do sentimento presente no teledisco de “Take it Back” dos Pink Floyd - Buttefly Wings Make só denota mesmo dificuldade em conter entre a inicial “Closure” e o retorno a casa de “Sea Grass” todo o seu esplendor sobre a relva. Isso só pode ser saudável.
Miguel Arsénio
migarsenio@yahoo.com
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