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In The Country
This Was the Pace of My Heartbeat
· 02 Mar 2006 · 08:00 ·
In The Country
This Was the Pace of My Heartbeat
2005
Rune Grammofon


Sítios oficiais:
- In The Country
- Rune Grammofon
In The Country
This Was the Pace of My Heartbeat
2005
Rune Grammofon


Sítios oficiais:
- In The Country
- Rune Grammofon
Do norte da Europa chega-nos uma quantidade enorme de projectos que têm como ponto de partida (ou de chegada) o jazz. Para lá da histórica ECM, uma nova geração desponta. Através de editoras como Jazzaway, Moserobie, Smalltown Superjazz, Jazzland ou Rune Grammofon surge uma imensidão de músicos e projectos que abordam o jazz, ou trabalham nas suas fronteiras, com muita criatividade, personalidade e valor. Particularmente, os países nórdicos têm sido generosos na quantidade de músicos que revelam ao mundo. E desta vez a música vem da Noruega.

Dentro da esfera do jazz clássico há poucos grupos a definir verdadeiramente o som do trio de piano jazz da actualidade. Destacam-se os irreverentes The Bad Plus e os trios de Esbjörn Svensson, Brad Mehldau e do superior Keith Jarrett. E sobre quase todos paira a sombra de Bill Evans, o senhor do lirismo desmesurado, o pianista que trouxe a sensibilidade da música clássica para a liberdade do jazz. À sombra de Evans, acrescente-se uma admiração confessa por Tord Gustavsen, assim como devoção pelo pianista Paul Bley, e aqui estão os In The Country, um jovem trio com disco de estreia recentemente editado: This Was the Pace of My Heartbeat.

In The Country é um trio norueguês constituído por Morten Qvenild (piano), Roger Arntzen (contrabaixo) e Pål Hausken (precussão). Ao contrário do que poderíamos esperar, a música não se aproxima das propostas complexas, ornamentadas e radicais de alguns compatriotas. Aqui, há antes um processo de retorno, de (aparente) simplificação. Afastados de extremismos, os In The Country preferem viajar calmamente por paisagens ambientais – que são a imagem de marca da ECM. Fazendo uso do espaço, as notas são esparsas, os silêncios são maximizados, cada intervenção é extremamente premeditada e nunca peca por excesso.

Mantendo sempre uma toada introvertida, o piano nunca se exalta, nunca alinha em virtuosismos - quem espera cascatas de notas vem ao engano. O acompanhamento de contrabaixo e bateria segue a mesma linha, usando uma linguagem comedida, eficaz. Tal como nos recentes trabalhos de Bernardo Sassetti, o silêncio é primordial e abre espaço para cada nota ganhar mais luz.

A música dos In The Country revela-se concentrada ao seu âmago, na sua leveza natural, sem artifícios nem excessos. Há no entanto o reverso da medalha - quando a jornada paisagística se prolonga em demasia é impossível evitar uma certa fadiga, pelo que este disco não é recomendável para todos os dias, nem para todos os momentos. Os 52 minutos do disco não facilitam, mas quem lhe dedique alguma atenção vai com certeza saborear toda a sua beleza.
Nuno Catarino
nunocatarino@gmail.com

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