DISCOS
David Fonseca
Our Hearts Will Beat as One
· 06 Dez 2005 · 08:00 ·
David Fonseca
Our Hearts Will Beat as One
2005
Universal


Sítios oficiais:
- David Fonseca
- Universal
David Fonseca
Our Hearts Will Beat as One
2005
Universal


Sítios oficiais:
- David Fonseca
- Universal
Caro David,

Tenho várias coisas que gostava de partilhar contigo. Para começar, não acho nada fixe que a minha namorada ache que tu és giro e queira o teu número de telefone (achei importante dizer isto antes de tudo, já que, afinal, até vou dizer bem do teu disco e há que manter um certo equilíbrio nas coisas). Dito isto, tenho a partilhar que sempre apontei para que fosse o teu terceiro trabalho (enquanto one-man-show) aquele que realmente ficasse para a história da música desta província espanhola… E, de facto, este disco faz-me realmente sentir que a minha previsão pode ser, de facto, verdade.

Reparemos: Liricamente estás muito superior ao que tínhamos visto até aqui (se bem que “Who are u?” me fez pensar o pior e, vá, sejamos sinceros… “It's you on the radio in all the songs we've been through” (“Swim”) é um dos clichés mais batidos dos anos 80. Não obstante, é carinhoso e soa bem, então mantê-lo-ei fora de discussão.). “Cold Heart” foi entusiasmante de descobrir na audição do disco. É incisivo e, sejamos sinceros, deve ter sido um final de relação interessante.

Agora… Eu tenho de te confessar que “Hold Still” vai ficar para a minha história (pessoal, leia-se). Eu sentir-me-ia orgulhoso se uma canção minha fosse o background para a história de alguém. Por isso, espero que te sintas orgulhoso também por isso. Parabéns, you got there (se fores a Castelo Branco, avisa, que eu pago-te um fino com o maior prazer).

‘Start over again’ foi escrita em meia hora, não engana. Suponho que seja especial para alguém em particular. Não entusiasmou o resto, mas cada coisa serve o seu propósito. “Come into my heart” lembra demasiadas outras coisas para comentar.

Vá, confessa… nós todos percebemos que tu ouviste Yo La Tengo e que I can hear the heart beating as one é o melhor nome para um disco de sempre, mas tens desculpa para “Our Hearts Will Beat as One” porque, sinceramente, é um tema do caraças (vem nas minhas preferências logo a seguir a "Teeth against the glass", mas a explicação poderá vir numa próxima carta). “The Longest Road” quebra o ritmo do disco (o que não é dizer mal da canção, pois na verdade seria uma óptima faixa escondida). “Open legs wide” é pastiche, e então merece uma passagem directa a “Bu_urn”, que termina quase, quase como o “W.C.S. (First Draft)” de dEUS; por isso, só pode ser cool.

”Adeus, não afastes os teus olhos dos meus” é peganhento, por isso vamos esquecer que está presente (além do facto que, excepto determinados e muito específicos casos, não me apraz muito o conceito de discos multilingues). “When U hit the floor” (presente na edição exclusiva de uma multinacional que vende discos em Portugal e destrói muitas famílias) é um momento de inspiração na sua forma mais natural (e há muita visibilidade disso ao longo destes quase cinquenta e cinco minutos).

Como já disse, David, eu apontei para o terceiro disco quando ouvi pela primeira vez Sing me something new. Our hearts will beat as one aponta na direcção que imaginei e traz grandes, grandes expectativas para o teu terceiro trabalho (“Cold Heart” e “Our Hearts Will Beat as One” são autenticamente ilustrativas da evolução, David, e valem pelo disco).

Um abraço,
Miguel.

P.S. Se por acaso vieres cobrar o fino, traz o Prairie Wind do Neil Young. Muito agradecido.
Miguel Azevedo
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