Ben Weaver tem mais ou menos um quarto de século, mas faz música como se tivesse anos e anos disto. Na capa de Blueslivinghollerin', uma compilação dos melhores momentos dos seus primeiros discos, aparece a fumar um cigarro com um trucker hat por cima da cabeça. Slide Guitar e uma voz de alguém que parece ter sobrevivido a anos e anos na prisão fazem-nos perceber logo que temos aqui country sem o alt. atrás. Até nos diz, logo na segunda faixa, que é tão solitário quanto a rádio de onda média. Não nos enganemos, meninos e meninas, temos aqui um cowboy do velho oeste à séria: a voz é crua e a forma de tocar guitarra também.

Não há cá anos e anos de estudos musicais para ninguém, há pegar na guitarra, tocar e cantar blues, beber um copo de whisky daquele que sabe mal como tudo mas separa os putos dos adultos, tocar e cantar, beber mais um copo, tocar e cantar, desmaiar, acordar e perceber que a mulher o deixou (ainda não sabe se é bom ou se é mau) e levou os putos com ele (é bom). O catálogo da Fargo Records dá-nos como referência Tom Waits. Tem as suas parecências, mas a América de Waits é outra, a dos outsiders, enquanto a de Weaver é a de todo o Oeste, e a sua voz não é tão arranhada nem grave. Mas ambos são trovadores que contam histórias.

Há versões de Bob Dylan ("Ballad of a Thin Man") e de Townes Van Zandt ("2 Girls"), há contrabaixo saltitante, há alguém que chorou toda a noite ("I Cried all Night") com o acompanhamento de um bandolim, há brincadeiras lo-fi, há referências a caminhos-de-ferro ("Boxcar"), a mães, não há nada de novo. Nem nada de especial.

Também não há um disco a sério, sendo isto só uma compilação. Talvez esteja aí a maior fraqueza de Blueslivinghollerin', em não ser um disco. É apenas uma mistura de canções de um tipo que parece ter sofrido durante anos e anos e que é cowboy trovador, armado em gente velha. Fá-lo de forma competente, é claro, mas isso não é o suficiente para fazer de Blueslivinghollerin' um registo tremendamente interessante. Talvez um dia Ben Weaver consiga ser aquele velho cowboy cheio de histórias, feitas de sangue e suor e sofrimento, e, especialmente, cheio de grandes canções.