DISCOS
Patrick Wolf
Wind in the Wires
· 12 Jul 2005 · 08:00 ·
Patrick Wolf
Wind in the Wires
2005
Tomlab / Flur


Sítios oficiais:
- Patrick Wolf
- Tomlab
- Flur
Patrick Wolf
Wind in the Wires
2005
Tomlab / Flur


Sítios oficiais:
- Patrick Wolf
- Tomlab
- Flur
Patrick Wolf tem vinte e tal anos, é inglês, boémio e burguês, fugiu de casa algures durante a adolescência, fixando-se em Paris e vivendo um pouco por todo o lado. Pelo menos é a história que por aí se conta sobre ele. A parte do boémio nota-se perfeitamente nas roupas que o tipo usa em público, e até na capa deste Wind in the Wires, o seu segundo disco. O rapaz esforça-se demasiado para parecer um aristocrata inglês do século XVIII.

Contudo, por muito que se preocupe com o visual, é um tipo que não esquece a escrita de canções, canções essas que adorna com a sua bela voz, as suas melodias de violino, o seu piano, o seu banjo e algumas batidas computorizadas (que devem ter dado direito ao jovem de editar na TomLab, editora maioritariamente de electrónica que de há uns tempos para cá se tem passado, tendo editado este ano Wolf, Les George Leningrad e Final Fantasy). Como podemos ver logo pela faixa de abertura, “The Libertine”, em que o rapaz canta “I’m gonna run the risk of being free”, com uma batida e um riff de violino viciante e um acordeão. Infelizmente, o resto do disco nunca volta a atingir o poder desta faixa, só talvez em “Tristan” com a sua batida quase industrial e em “Lands’ End”, com o seu orelhudo riff de ukelele e o seu refrão em coro, onde se canta “I’m leaving London for Lands’ End / with a green tent and a violin”. Algo autobiográfico, que depois fecha o disco com algumas vozes num a cappella bonito apenas acompanhado por um ruído minimal.

A liberdade é um tema repetido ao longo do disco todo, aparecendo, por exemplo, na faixa-título, onde canta (e bem) “This wild electricity / made static by industry / like a bird in an aviary / singing to the sky / just singing to be free”. Outros temas falam de casas na estrada, onde Patrick quer envelhecer e ser livre, como “The Railway House”, “The Gypsy King”, etc.

Há, portanto, uma coerência temática em Wind in the Wires, sendo Wolf o puto que sai de casa à procura da música, das tendas, do ar livre e daqueles tipos bué fixes que não tomam banho e só querem é divertir-se e estar em contacto com a natureza e aquelas tretas todas. Quer ser o rei cigano, mas é um daqueles rebeldes que não saem de casa sem terem tomado banho e arranjado o cabelo, e que no fim do dia volta para o conforto da casinha dos papás. Pelo meio, faz algumas belas canções e deixa uns discos catitas. Não é preciso mais.
Rodrigo Nogueira
rodrigo.nogueira@bodyspace.net
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