DISCOS
Please Mr. Gravedigger
Throw a Beat EP
· 23 Mai 2005 · 08:00 ·
Please Mr. Gravedigger
Throw a Beat EP
2005
Pluto Records


Sítios oficiais:
- Please Mr. Gravedigger
- Pluto Records
Please Mr. Gravedigger
Throw a Beat EP
2005
Pluto Records


Sítios oficiais:
- Please Mr. Gravedigger
- Pluto Records
Presumo que obedeça a ciclos a tendência auto-destrutiva do punk. Numa altura em que era vicioso e forçoso surgir em palco exibindo jeitos de maltrapilho, eis que floresce na área de Washington uma rapaziada disposta a inverter as coordenadas tóxicas à ética londrina. A ópera da decadência passou desde há muito a fazer parte das fundações rock. Certamente ninguém duvidará de que a promoção dos discos dos Libertines residia essencialmente na exposição das novelas protagonizadas por um Pete Doherty entre a clínica de reabilitação e os lábios contra o chão. O actual underground norte-americano subverte esse glamour à imundice e intensidade extravasada em palco. Os novos greasers suam balas. Throw a beat capta estes Please Mr. Gravedigger entre um e outro passo.

Anunciados enquanto esperança da maníaca cena californiana (de onde são provenientes), os PMG arriscam-se a roubar aos equivalentes circundantes a direcção da mira que ronde as imediações punk-hardcore. O método explorado pelos sexteto pode até não apresentar novidades substanciais perante dados adquiridos ao passado recente do género, mas merecerá pelo menos um franzir de sobrolho qualquer banda capaz de conduzir o corpo ao frenesim nuns escassos 12 minutos. Throw a Beat consegue-o sem sequer arriscar ver o seu nome imediatamente algemado a outro, mas sim glorificado pela variedade apresentada em tão curto período: “Seventeen Year Old Piece of Gold” confronta a histeria de Tommy Gravedigger - vocalista residente - e Kelly Kotner – riot-grrrl de serviço - numa guerra dos sexos disputa à lei do berro, “Wales” relembra o EMO como entendido antes dos porcos-espinhos se terem apropriado do termo e arrisca-se a épico à curta escala dos PMG.

Sem rodeios. Os Please Mr. Gravedigger são comparáveis a uns extintos Murder City Devils presos a uma cadeira eléctrica, instrumentalmente associáveis às Red Aunts (sempre tão esquecidas nestas alturas), uns Vicious Five às voltas num carrossel assombrado. Saliente-se também o contributo da capa para a continuidade da fixação por tigres cultivada o ano passado nos discos de Neko Case e Go! Team. Raaaaauuuu!

EP, neste caso, significa É Pouco. Throw a Beat faz o que pode para que este rock incendiário não se venha a tornar um concurso de masculinidade ou um interminável desfile de camisas de flanela. Espera-se destes Please Mr. Gravedigger o mesmo que dos seus companheiros de caserna: o desenterro do consenso obtido por Relationship of Command (o derradeiro disco dos At the Drive-In) em 2000. Por enquanto, prossiga a vigília.
Miguel Arsénio
migarsenio@yahoo.com

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