DISCOS
Oneida
Romance
· 14 Mai 2018 · 16:07 ·
Oneida
Romance
2018
Joyful Noise Recordings


Sítios oficiais:
- Oneida
- Joyful Noise Recordings
Oneida
Romance
2018
Joyful Noise Recordings


Sítios oficiais:
- Oneida
- Joyful Noise Recordings
Ainda há romance.
É muito difícil - e sempre foi difícil - classificar os Oneida. Poderemos reduzi-los ao mínimo denominador comum e dizer que, ao longo de vinte anos, os Oneida sempre tocaram rock, em todas as suas formas e feitios. Mas talvez nem esse rótulo lhes sirva. Que dizer dos momentos mais experimentais, da improvisação, ou da electrónica? Falta ali algo que os descreva. Mas, valha a verdade, só se preocupará com isso quem precisa de dar um nome às coisas para gostar delas.

Em situações normais um nome é uma identidade, mas não no caso dos norte-americanos. A sua identidade são os seus discos, distintos entre si, com apenas algumas pontas soltas em comum. Romance é o álbum com que os Oneida decidiram celebrar mais de duas décadas de carreira (não houve disco em 2017, quando fizeram de facto 20 anos) a descobrir outros caminhos que não os já traçados dentro da música, os menos óbvios, e ajuda-nos de facto a manter este romance com a banda; quem não aprecia um grande aventureiro?

A aventura começa na estática, num sintetizador, numa canção - "Economy Travel" - que depressa se parte aos bocados, numa confusão de sons que desaba sobre o seu próprio peso, deixando nada mais que uma certa devastação eléctrica. E ainda estamos apenas no começo. A devastação dá lugar à repetição Lightning Boltiana de "Bad Habit": Such a hard habit to break, ouve-se, em tom de verdade. Porque a verdade é esta: é difícil aos Oneida, e é difícil para nós, soltarmo-nos das amarras do copy/paste.

O krautrock que os Oneida tanto apreciam continua bem presente, de "All In Due Time" a "Lay Of The Land", este último apresentando-se com uma roupagem mais moderna, longe do pastiche habitual da motorika. E não são estas as únicas Alemanhas presentes em romance. Atente-se na electrónica pop de "Good Lie", ou no ritmo Can (e será das poucas vezes que alguém reproduz a batida de Jaki Liebezeit tão fielmente) de "Good Cheer". Pelo meio, space rock a descer à terra psicadélica em "Cedars" e rock cru e directo (antes do intervalo electrónico) em "Cockfight". Para o final, a cereja no topo do bolo: 18 minutos de expansão mental sob a forma de electricidade. Ainda há romance neste mundo.
Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com
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