Foi Jon Hassell quem inventou o conceito de Fourth World Music, descrevendo-o como "uma união entre sons primitivos e futuristas, combinando estilos étnicos com técnicas produção electrónicas". E é isso que encontramos em Diego, o novo álbum do russo Anton Glebov com o moniker Mårble. Ajudado pelo saxofone e pela flauta de Slavic Ipatov, Diego convida-nos a fazer uma viagem por vários territórios distintos, até chegarmos à conclusão de que, apesar de todas as diferenças culturais, fazemos parte da mesma terra.

Diego junta field recordings e electrónica numa tentativa de mostrar o que existe para além do "exótico" ou do estereótipo; os sons captados são utilizados não para vender terras estranhas a turistas, mas de forma respeitosa, com Mårble e o seu compatriota a preencher o resto com música. Ouvem-se vozes falando numa língua imperceptível em "Narzan", enquanto o som da água relaxa; animais gorgolejam por entre o eco melódico de "Kobuleti Tooth Master"; é o saxofone quem proporciona todo o charme que encontramos em "Para La Olimpiada". Há algo para todos os gostos.

Não há fronteiras nem continentes em Diego, e esse parece ser o seu maior trunfo: um álbum para acabar de vez com toda a discussão patética em torno da "apropriação cultural", que mais tem soado a um novo Apartheid. Infelizmente, poucos entenderão a sua mensagem - se é que cheguem sequer a ela. Cabe-nos a nós divulgá-lo e esperar que ajude a fazer deste um mundo, de facto, sem quaisquer muros.