DISCOS
Marcelo dos Reis & Eve Risser
Timeless
· 27 Dez 2017 · 14:58 ·
Marcelo dos Reis & Eve Risser
Timeless
2017
JACC Records


Sítios oficiais:
- JACC Records
Marcelo dos Reis & Eve Risser
Timeless
2017
JACC Records


Sítios oficiais:
- JACC Records
Diálogo de guitarra e piano.
O guitarrista português Marcelo dos Reis conseguiu afirmar-se nos últimos anos como um dos mais activos e interessantes exploradores da guitarra acústica no campo da música improvisada. Nos últimos anos tem repartido a sua atenção entre o formato solo (editou neste ano de 2017 o óptimo “Cascas”) e, sobretudo, em diversos projectos em colaboração com músicos nacionais e estrangeiros: Fail Better!, Chamber 4, In Layers, Pedra Contida (com disco recente, “Amethyst”) e Staub Quartet (Carlos Zíngaro, Miguel Mira e Hernâni Faustino, atenção a este disco!), entre outros.

Agora, Reis regressa ao formato duo, num registo próximo do memorável disco Concentric Rinds, gravado com a harpista Angélica V. Salvi. Aqui a sua parceira é a francesa Eve Risser, pianista de recursos vastos que se fez notar com o trio En Corps e, mais recentemente, tem trabalhado em projectos distintos como a sua White Desert Orchestra (actuou no Jazz em Agosto 2016) e o duo com a pianista eslovena Kaja Draksler (disco “To Pianos” editado pela Clean Feed).

Gravado ao vivo no festival Jazz em Centro, em Coimbra, em Outubro de 2016, este disco junta Marcelo dos Reis (guitarra acústica preparada) e Eve Risser (piano preparado) num permanente diálogo. Risser e Reis enlaçam os instrumentos, com os sons pingados de guitarra e piano num efectivo diálogo, nunca se atropelando, complementando-se. Por parte de cada um dos instrumentistas sentimos uma constante atenção, escuta e reação.

Da guitarra e do piano são sacados criativamente sons atípicos, utilizando técnicas extensivas, que são encaminhados numa linha de comunicação. Os temas evoluem de forma tranquila, sem pressa, por vezes andando às voltas sobre um mesmo motivo. Música de detalhe, assenta na atenção ao pequeno pormenor, cresce devagar sem nunca explodir. Não é música de fogo, é música delicada. A intemporalidade do título do disco parece ter sido bem escolhida para assinar esta música.
Nuno Catarino
nunocatarino@gmail.com

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