Pelo título, provavelmente rejeitam-na na vida, no quotidiano. Serão vivas as suas vidas, de energia criativa própria da juventude, da força do ideal, a positiva fúria do sonho. Mas nada de excessos danosos. Ela, a voluptuosidade, a existir é na consequência do que fazem no recato do estúdio. Não adianta negar – e o paradoxo do título o diabo que o carregue: a 'vida' deste No Luscious Life dos seis elementos de Glasgow, que no conceituado Green Door Studio enfeitiçam o tempo e o espaço com engenhosos artifícios, está pejada de gozo, sensualidade, a provocação.

A música para os Golden Teacher é dança ancestral, é groove puro, é abanar a cabeça para a soltar do seu 'peso' absurdo, um som que almeja desbloquear as grilhetas que impedem a mente de transcender a um lugar de luz, de deleite, de completa liberdade espiritual. Já se havia percebido pelos EP’s e singles editados desde 2013 que era a isso que se queriam dedicar a tempo inteiro, a pôr as gentes a dançar até tocarem nos veios da própria mãe-natureza. O álbum de estreia é mais uma prova dessa devoção suprema.

Para realmente absorver o que aqui se desenrola, temos de nos entregar à experiência do colectivo, deixar que eles nos conduzam pelos meandros do seu celeste labirinto dub, lugar em constante conluio com o dance-punk do South Bronx, o house clássico de Chicago, o afrobeat de Fela e o híbrido funk de Tony Allen. Nunca corremos o risco de nos perder, ou cair. Somos bem encaminhados, bem seduzidos, e bem ficamos irritados com a seta apontada à saída. Voltar ao princípio é inevitável porque o bacanal sonoro é ouro, dele queremos experienciar o máximo, para ascender – um pouco mais!